Recife

Defesa entende que a lesão corporal é leve, diz advogado de empresário

O pedido de prisão preventiva contra o empresário enquadra o caso como lesão corporal gravíssima

Júlio Cirne
Júlio Cirne
Publicado em 31/12/2018 às 18:01
Foto: Reprodução
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Depois que o empresário Bruno Nunes Elihimas, de 35 anos, teve a prisão preventiva decretada na tarde desta segunda-feira (31), a defesa dele, na pessoa do advogado Marcelo Soares, disse que vai tomar as medidas para recorrer da decisão. O pedido de prisão de Bruno foi solicitado pela delegada Beatriz Leite, da Delegacia de Boa Viagem, e embasado no artigo 129, parágrafo 2º, inciso 4° do Código Penal Brasileiro, que trata de lesão corporal gravíssima e tem reclusão prevista de dois a oito anos. Para a defesa, o caso é enquadrado em lesão corporal leve, o que não justificaria o pedido de prisão desta segunda.

"As imagens deixam claras que o que ocorreu foi uma lesão corporal e ele desiste de forma voluntária das agressões", disse o advogado de Bruno. Em conversa com a imprensa, o advogado Marcelo Soares também relatou os episódios em que o flanelinha William José de Souza, de 61 anos de idade, teria agredido física e verbalmente a mulher de Bruno, o que teria motivado o empresário a bater no idoso: "As agressões verbais aconteceram por diversas vezes. Em uma ocasião, no dia 26 (de dezembro), (houve) uma agressão física, quando o senhor William arremessou uma panela em direção à namorada do Bruno, razão pela qual ela veio a perder o bebê".

De acordo com o advogado, essa panela que supostamente teria sido arremessada pelo idoso atingiu a perna e o pé da mulher, que estava grávida de Bruno Elihimas. De acordo com a versão contada por ele nesta segunda, o estresse causado por essa situação fez com a mulher tivesse um pico de pressão, que teria provocado o aborto. No entanto, a delgada Beatriz Leite disse que não foi apresentada nenhuma prova ou laudo médico para comprovar a moça estava grávida e perdeu o bebê por causa desse pico de pressão. A defesa disse que os documentos serão apresentados no decorrer do processo.

Lesão corporal gravíssima

O caso foi considerado "lesão corporal gravíssima" porque o idoso perdeu os dentes devido aos socos e chutes de Bruno, o que se enquadra no capítulo 2º, inciso 4º do artigo 129 do Código Penal Brasileiro, configurando "deformidade permanente". A delegada Beatriz Leite disse que o flanelinha será encaminhado para fazer exames no Instituto de Medicina Legal (IML).

Depois do feriado de ano novo, o caso ficará sob responsabilidade do delegado Ramon Teixeira, que seguirá ouvindo testemunhas e analisará mais imagens do ocorrido, para averiguar se as versões dadas pelo acusado coincidem com a realidade dos fatos.

Liberdade condicional

O empresário Bruno Nunes Elihimas estava em liberdade condicional porque já tem passagem pela polícia por receptação e falsificação de produtos fitoterápicos. Ele já ficou 59 dias presos no Cotel.

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Agressão

Idoso espancado em frente a prédio no Pina fala sobre agressão
Idoso espancado em frente a prédio no Pina fala sobre agressão
Foto: Reprodução/TV Jornal

Nas imagens, o idoso aparece correndo, quando é derrubado com um chute nas costas, desferido por Bruno. Mesmo caído no chão, o idoso é espancando com socos e chutes, a maioria no rosto. Uma poça de sangue se acumula no chão. Em seguida, Bruno se afasta, mas pouco tempo depois volta e inicia uma nova sessão de golpes contra o idoso. Em conversa com a equipe de reportagem do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, o flanelinha disse que, se não tivesse corrido, certamente teria morrido em decorrência da agressão do empresário.

Confira a entrevista na reportagem da TV Jornal:

Acusado

A defesa do empresário e fisiculturista Bruno Nunes Elihimas, garantiu nesse domingo (30) que o acusado se apresentaria à polícia. Até então tido como foragido, Elihimas, segundo o advogado Marcelo Soares, estava na casa de familiares.

Os socos e chutes, de acordo com o advogado, teriam sido desferidos contra William José de Souza após o idoso ter “desdenhado” do empresário, e que no sábado (29) teria ido tomar satisfação de supostas agressões verbais e físicas praticadas por William e seu patrão, o ex-marido da atual namorada de Bruno, contra ela. “No dia 29, Bruno foi levar a sua namorada até a residência do ex-marido para buscar os filhos dela para o Réveillon. Quando chegou na frente do apartamento, ele se deparou com a vítima e foi tomar satisfação. Esse senhor começou a agredir verbalmente Bruno, de modo que ele perdeu a razão e partiu para a agressão”, afirma Soares.

As agressões contra a namorada de Bruno, ainda conforme o advogado, na sexta-feira (28), fizeram que a mulher, grávida, sofresse um pico de pressão, vindo a perder o bebê, filho do empresário. “Ele (Bruno) queria saber por que o idoso estava tomando as dores do ex-marido e o porquê das agressões verbais e física”, complementa o advogado. À reportagem, nenhum Boletim de Ocorrência ou laudo médico para comprovar as agressões e perda do bebê foi apresentado. “Esse laudo a gente vai juntar ao inquérito num momento oportuno”, disse a defesa.