Perderam força os protestos antidemocráticos de caminhoneiros e bolsonaristas que não aceitam a derrota de Jair Bolsonaro para Lula nas urnas. Nesta manhã de quinta-feira (3), a Polícia Rodoviária Federal diz que ainda há 86 rodovias pontos de bloqueio, mas ontem, no mesmo horário, eram 167.
Segundo o balanço mais atualizado, divulgado às 6h de hoje, não há registro de interdição na manhã desta quinta no Distrito Federal, em Pernambuco e outros 14 estados. No Rio de Janeiro, também não há bloqueios.
Desde o domingo (30), na noite da apuração dos votos e divulgação dos resultados do 2º turno, apoiadores de Bolsonaro insatisfeitos com a derrota bloquearam ilegalmente centenas de rodovias pelo país.
Veja lista de locais bloqueados abaixo do vídeo
Somente na quarta-feira (2), o ainda presidente, Jair Bolsonaro, pediu que seus apoiadores desbloqueassem as rodovias, citando o direito de ir e vir contido na Constituição Federal.
Há dezenas de relatos de pessoas impactadas pelos bloqueios, como motoristas obrigados a ficar mais de 24 horas parados e até pacientes impedidos de chegar a hospitais para tratamento de câncer.
SITUAÇÃO DAS ESTRADAS (QUINTA-FEIRA, 3 DE NOVEMBRO)
Veja novo balanço por estado (atualizado às 6h)
- Amapá: sem ocorrências
- Acre: duas interdições
- Alagoas: sem ocorrências
- Amazonas: uma interdição
- Bahia: sem ocorrências
- Ceará: sem ocorrências
- Distrito Federal: sem ocorrências
- Espírito Santo: uma interdição
- Goiás: uma interdição
- Maranhão: sem ocorrências
- Minas Gerais: uma interdição
- Mato Grosso: 28 interdições
- Mato Grosso do Sul: duas interdições
- Pará: dez interdições
- Paraíba: sem ocorrências
- Pernambuco: sem ocorrências
- Piauí: sem ocorrências
- Paraná: dez interdições
- Rio de Janeiro: sem ocorrências
- Rio Grande do Norte: sem ocorrências
- Rondônia: dez interdições
- Roraima: sem ocorrências
- Rio Grande do Sul: três interdições
- Santa Catarina: 20 interdições e 17 bloqueios
- Sergipe: sem ocorrências
- São Paulo: sem ocorrências
- Tocantins: sem ocorrências
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"Organização Criminosa"
Nesta quinta-feira (03), o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), utilizou a primeira sessão de julgamentos da Corte após o segundo turno para fazer um balanço das eleições.
Moraes afirmou que quem não está aceitando o resultado das votação, com "movimentos ilícitos e criminosos", será responsabilizado.
"A democracia venceu novamente no Brasil. [...] Isso é democracia, isso é alternância de poder, isso é estado democrático e aqueles que criminosamente não estão aceitando, serão tratados como criminosos e as responsabilidades serão apuradas", disse Moraes.
O ministro considerou ainda que o alto comparecimento durante as eleições no último domingo (30) foi uma demonstração de que os brasileiros confiam nas urnas eletrônicas e no sistema eleitoral.
"Observo que tivemos um comparecimento de 79,41% do eleitorado, com quase 125 milhões de eleitores. E que pela primeira vez a abstenção do segundo turno foi menor do que a do primeiro turno. Houve efetivamente a participação maciça do eleitorado, e o brasileiro demonstrou a total confiança nas urnas eletrônicas", pontuou.
Na quarta-feira (2), o procurador-geral de Justiça do estado de São Paulo classificou como "organização criminosa" o grupo que interdita as estradas federais com pautas pró-Bolsonaro.
"Estamos trabalhando para esclarecer aqueles que estão por trás dessa organização criminosa que de fato tem fomentado a prática de vários crimes, como por exemplo apologia ao crime, incitação ao crime”, disse Mario Sarrubbo, em entrevista à GloboNews.
“Estamos em estado de alerta desde segunda-feira a tarde, quando foi formado um gabinete de crise junto com o governo do estado, polícia militar, polícia civil. Formamos um núcleo de ação integrada no Ministério Público de São Paulo envolvendo o Gaeco e a promotoria de habitação e tutela coletiva e agora estamos trazendo também o MPF. Conversei hoje [quarta] com o Augusto Aras [Procurador-Geral da República]", acrescentou Sarrubbo.
Detidos e multados
No Rio de Janeiro, a PRF do estado disse que deteve dois manifestantes por desobediência e resistência, mas garantiu que a maioria dos desbloqueios aconteceram de forma espontânea. Os dois presos estavam na rodovia Presidente Dutra (BR-116).
Em São Paulo, a Polícia Militar disse que aplicou mais de 180 multas no valor de R$ 100 mil em bolsonaristas responsáveis pelos bloqueios, segundo apurou o G1. Ainda no estado, de acordo com a PM, três pessoas foram detidas durante os atos antidemocráticos.