Trajetória

Mais de 40 jogadores contratados, cinco treinadores, ameaças e renúncias: relembre como foi o ano da gestão do Santa Cruz

O Santa Cruz passou por diversos problemas na temporada de 2021, que culminou com o rebaixamento para a Série D

Robert Sarmento
Robert Sarmento
Publicado em 18/09/2021 às 20:15
Alexandre Gondim/JC Imagem e Reprodução/Rádio Jornal
FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem e Reprodução/Rádio Jornal

Em fevereiro de 2021, a chapa de oposição Pró-Santa ganhou as eleições do clube para ficar no triênio 2021 e 2023. Com a promessa de transparência, proximidade com a torcida e mudança na cultura organizacional da instituição, o presidente Joaquim Bezerra assumiu o mandato tendo a plena confiança da maioria dos torcedores. No entanto, no decorrer da temporada, o que se viu foram erros no planejamento do futebol, que geraram um número alto de contratações e fizeram gestores se afastar das atividades após ameaças de torcida organizada. Abaixo, relembre como foi o ano da atual gestão do Santa Cruz e tire suas conclusões:

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Saída de jogadores e Nei Pandolfo

Logo no começo da gestão, O executivo de futebol Nei Pandolfo teve a saída do Santa Cruz confirmada. Internamente, ele perdeu força e ficou de fora de algumas decisões - inclusive de algumas viagens com a delegação. Na antiga gestão, foi elogiado pela qualidade do elenco montado em relação ao nível exigido. O dirigente foi para o rival Sport, mas também já deixou o clube da Ilha do Retiro.

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A atual diretoria do Santa Cruz também subiu o tom em relação ao comprometimento. O presidente Joaquim Bezerra cobrou publicamente isso. Pouco dias depois teve o anúncio da dispensa de Paulinho e do meia Didira, que tiveram o contrato rescindido. Ambos eram utilizados pelo então treinador do Santa Cruz, João Brigatti. Confira a nota abaixo:

 

41 contratações

Com a saída de várias peças, o Santa Cruz precisou ir ao mercado de transferências e buscar novos jogadores para todos os setores do elenco. O problema foi a grande quantidade que chegaram e que depois saíram. Ao todo, a diretoria trouxe 41 jogadores, sendo que 21 acabaram sendo dispensados ou negociados para outros clubes. Vale lembrar que durante a temporada, a Cobra Coral sofreu a perda do meio-campista Chiquinho, negociado para um clube dos Emirados Árabes. Confira abaixo a lista de atletas que passaram no Arruda em 2021:

Goleiros - Geaze, Marcão, Felipe Silva e Martin Rodríguez;

Laterais - Alan Cardoso, Julinho, Fernando Pileggi, Digão, Weriton, Lucas Rodrigues, Gilmar e Marcos Martins.

Zagueiros - Hebert, Breno Calixto, Victor Oliveira, Rafael Castro e Maurício;

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Volantes - Augusto César, Karl, Elicarlos, Everton Dias, Vitinho, Derley e Maycon Lucas;

Meias - Marcos Vinícius, Péricles, Rondinelly, Tarcísio, Jailson e Lelê;

Atacantes - Madson, Maxwell, França, Bustamante, Lucas Batatinha, Adriano Michael Jackson, Wallace Pernambucano, Frank, Quiñonez, Levi, Rone, Elias Carioca, Bruno Moraes e Mateus Anderson.

 

Cinco treinadores

O número de 41 contratações é um exagero para a montagem de um elenco. Agora imagine isso com a constante mudança de treinador no Santa Cruz. Foram quatros em apenas alguns meses. Quando Marcelo Martelotte concluiu a temporada de 2020, a Cobra Coral contratou João Brigatti. O treinador foi apenas o primeiro dos que fizeram campanhas ruins no Santa Cruz em 2021.

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Alexandre Gallo chegou em seguida e não durou 10 dias no comando da equipe. Além de ter ficado apenas três jogos à frente do Santa Cruz, fez uma despedida criticando o planejamento e estrutura do clube. Bolívar chegou e teve quase um mês de intertemporada como preparação para começar a Série C, mas acabou caindo com apenas cinco jogos como comandante. O último nome foi Roberto Fernandes.

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Com a necessidade de planejar o elenco de 2022, o Santa Cruz trouxe de volta um velho conhecido: Leston Júnior. E o primeiro desafio teve o mesmo roteiro. O time coral foi eliminado na segunda fase da Pré-Copa do Nordeste, ao perder para o Floresta-CE nos pênaltis e fica fora competição regional.

Ameaças contra dirigentes e renúncias

O primeiro que deixou o Santa Cruz foi o presidente do Conselho Deliberativo Mário Godoy. Inicialmente, ele pediu licença do cargo após pressão e ameaças de torcedores. O pedido só antecipou a renúncia ao cargo, que ficou com Marino Abreu, então vice-presidente. Quando o escritório de advocacia que mantém no bairro do Espinheiro foi depredado por membros de torcida organizada, o vice-presidente do clube, André Frutuoso, pediu afastamento.

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Já os outros que saíram do Santa Cruz foram o diretor de marketing e publicidade Felipe Marenas e o conselheiro Jânyo Janguiê Diniz, que fazia parte do Conselho Fiscal, e também o presidente do conselho patrimonial, Thomaz Pereira. Esse último chegou a mandar uma carta ao presidente Joaquim Bezerra descontente com a desvalorização na hierarquia do clube e pouca valorização no trabalho feito.

Pedido de impeachment?

Se fora de campo, a reforma do Estatuto foi considerada uma vitória, a falta de resultados em campo criou um desgaste entre dirigentes e torcedores, que pedem o impeachment ou renúncia do presidente executivo, pois o mandato vai até o fim do ano de 2023.

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Em entrevista ao repórter Igor Moura, da Rádio Jornal, o atual presidente do Conselho Deliberativo do Santa Cruz, Marino Abreu, confirmou que houve a solicitação do conselheiro e sócio patrimonial Rui Monteiro para a realização de uma Assembleia Geral e, com isso, os sócios decidam pela continuidade ou não de Joaquim Bezerra, mas que não tem prazo para uma resposta se vai haver ou não. Clique aqui, confira a entrevista completa e o que diz o estatuto.

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