O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo (PT) defendeu que uma medida disciplinar deve ser tomada contra o general do Exército Antonio Hamilton Martins Mourão, que falou por três vezes na possibilidade de intervenção militar no Brasil diante da crise enfrentada pelo País em uma palestra em Brasília. Em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta segunda-feira (18), Cardozo também afirmou que as Forças Armadas "não repetirão o que aconteceu no passado", referindo-se ao Golpe de 1964.
"Tive a honra de ser ministro da Justiça por mais de cinco anos. Posso falar com muita tranquilidade, pois tive uma interface muito forte com os militares e não poucas vezes estive com os chefes de Estado Maior, que as forças armadas brasileiras tem um espírito de democrático muito forte. Fiquei espantado com a fala do general Mourão. Acho que o general Mourão fala em nome próprio, não pelas forças armadas. Ali foi uma situação, uma bravata, que está fora da curva. Acho que as Forças Armadas tem que avaliar o que fazer em ponto de vista disciplinar num caso como esse", disse o ex-ministro da Justiça.
O general Mourão falou em intervenção militar na noite da última sexta (15) na Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília, após o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciar o presidente Michel Temer pela segunda vez por participação em organização criminosa e obstrução de justiça.
"As Forças Armadas sabem do peso e do custo que tiveram o Golpe de 64 e até hoje são lembrados momentos péssimos. Não repetirão o que aconteceu no passado. O que cabe as Forças Armadas, à luz da legislação militar, é tomar as medidas cabíveis", disse Cardozo.
Após as acusações contra o ex-presidente Lula em delação premiada, o ex-ministro Antonio Palocci (PT) pode ser expulso da sigla em uma reunião que será realizada pelo diretório municipal do partido nesta segunda-feira (18) em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Cardozo defendeu a apuração dos fatos, mas foi sucinto e adiantou que votaria a favor da expulsão de Palocci.
"Temos que verificar a razão da expulsão. Apuraríamos o fato de ele ter mentido, por isso votaria a favor", disse o ex-ministro.
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