INVESTIGAÇÃO

É melhor apurar melhor, se defende Marcellus Ugiette

O promotor Marcellus Ugiette foi afastado da Vara de Execuções Penais após acusações de favorecer presos em troca de benefícios

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 09/08/2018 às 14:22
Guga Matos/ JC Imagem
FOTO: Guga Matos/ JC Imagem

O promotor Marcellus Ugiette, investigado pela Polícia Civil pelo crime de corrupção passiva, conversou com a imprensa nesta quinta-feira (9) após ter sido afastado da Vara de Execuções Penais pela corregedoria do Ministério Público de Pernambuco. Ugiette disse que o nome de “Anjo” citado no inquérito onde presos se referiam a ele não pode ser determinante para que ele seja tido como culpado.

“Isso não pode ser um motivo tão forte para que eu possa ser vinculado a uma organização criminosa. Eu acho que é uma precipitação grande, acho que é uma ilação muito forte e leviana até. É melhor apurar melhor, ter cuidado com as pessoas”, defendeu.

Ouça os detalhes na reportagem de Juliana Oliveira:

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Em todo momento o promotor negou as acusações feitas pela polícia que apura o favorecimento dele a advogados de detentos para transferir os clientes entre presídios com a finalidade de juntar integrantes de uma mesma quadrilha em troca de presentes e dinheiro.

Em relação a escuta das conversas telefônicas do promotor com os advogados dos presos que também estão sendo investigadas pela polícia, Ugiette afirmou que faz parte do trabalho dele falar inclusive com famílias de detentos.

Críticas à operação

Marcellus Ugiette criticou a ação da Polícia Civil durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão no apartamento dele na última sexta-feira (3) dentro da Operação Ponto Cego que desarticulou uma associação criminosa envolvida com corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro. “Na hora que mandaram abrir a porta, colocaram a mão no olho mágico e ficaram gritando. Depois eu ouvi outra pancada que já foi abrindo a porta com a violência. Eu não tenho a esconder”, reclamou.

Durante a entrevista, o promotor demonstrou estar abalado e disse que aguarda a denúncia oficial por parte da corregedoria do Ministério Público de Pernambuco para prestar depoimento.

Investigações

Ele está afastado por 60 dias do cargo que exerce e teve os processos criminais que analisava recolhidos pelo MPPE para investigação. Também foram apreendidos computadores, documentos, pen drives e celulares do promotor.

De acordo com o advogado de Ugiette, Emerson Leônidas, um pedido de prisão preventiva foi negado pelo Tribunal de Justiça. Ainda não há data definida para o promotor prestar depoimento.

O ministério público deu um prazo até o próximo dia 31 de agosto para concluir a análise dos processos que estavam sob a responsabilidade dele.