Mãe de jovem asfixiado entra com representação por lesão corporal

Pedro Gozanga foi asfixiado pelo segurança Davi Ricardo Moreira Amância no Supermercado Extra
Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 20/02/2019 às 16:24
Reprodução/Twitter
Imagens do segurança em cima do jovem viralizaram nas redes sociais Foto: Reprodução/Twitter


A mãe de Pedro Henrique Gonzaga, Dinalva de Oliveira, compareceu nesta quarta-feira (20) à Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca. Ela foi formalizar uma representação de lesão corporal contra o segurança Davi Ricardo Moreira Amâncio, acusado da morte de Pedro, por imobilização seguida de asfixia, numa filial do supermercado Extra.

Segundo o advogado da família, Marcello Ramalho, ela disse no depoimento que foi empurrada pelo segurança quando tentou separar a briga e ficou com o braço machucado. Ontem (19), ela fez exame de corpo delito no Instituto Médico Legal (IML).

“No momento em que ela tenta tirar o segurança de cima do filho dela, o segurança Davi faz um movimento brusco com o braço e ela rola no chão, lesionando o cotovelo esquerdo”, disse Ramalho.

Pela manhã, dois funcionários do supermercado prestaram depoimento na DH.

Davi Ricardo, e outros três seguranças, são esperados ainda hoje para prestarem depoimento na DH. Os dois seguranças trabalhavam no momento em que Davi Ricardo imobilizou e asfixiou o jovem Pedro Henrique, que morreu em decorrência da ação violenta.

Ambos são acusados por omissão de socorro, mas se o caso mudar da acusação de homicídio culposo para doloso, quando há a intenção de matar, eles também podem receber essa acusação.

A omissão de socorro é porque a ação de asfixia prosseguiu mesmo após Davi Ricardo ser alertado, reiteradamente, de que o jovem já estava desacordado e em processo de cianose. Além disso, eram os responsáveis no momento por resguardar as vidas no local e nada fizeram para impedir uma morte.

Eles chegaram pouco antes das 10h30, acompanhados de dois advogados. O nome deles não foi divulgado. O delegado do caso, Antônio Ricardo Lima Nunes, explicou, ontem, que os dois já irão responder por omissão de socorro.

Relembre o caso

Um jovem, de 19 anos, identificado como Pedro Gonzaga, foi morto durante a abordagem de um segurança, em uma unidade do supermercado Extra, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, o rapaz foi imobilizado e acabou sofrendo uma parada cardíaca no momento da ação.

O caso ocorreu na tarde de ontem (14). Segundo a assessoria de imprensa da rede de supermercados, o incidente teria começado após o jovem ter supostamente tentado roubar a arma de um dos seguranças do supermercado.

O vigilante reagiu e imobilizou o jovem com um mata-leão, golpe de artes marciais em que uma pessoa sufoca a outra usando os braços para pressionar o pescoço. Em vídeos divulgados na internet, é possível ver o segurança com o golpe encaixado e deitado por cima do rapaz, que está imóvel no chão, aparentando estar inconsciente.

Nos vídeos, aparecem vozes aparentemente dos clientes advertindo o vigilante de que ele sufocaria o jovem, já desmaiado. Porém, visivelmente nervoso, o segurança manda que as pessoas fiquem caladas.

Parentes do jovem morto afirmam que ele era doente mental e dependente químico. A família negociava tratamento médico para rapaz. Em depoimento à polícia, a mãe contou que estava no caixa quando começou a confusão.

Socorro

Os bombeiros foram acionados para socorrer o rapaz e informaram que ele foi reanimado e encaminhado ainda com vida para o Centro de Emergência Regional da Barra da Tijuca. A Secretaria Municipal de Saúde esclareceu que o jovem deu entrada na unidade já com quadro de parada cardiorrespiratória.

Segundo a secretaria, o rapaz ainda foi reanimado, mas sofreu outras duas paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.

Outro lado

Em nota, a rede de supermercados Extra informou que repudia veemente qualquer ato de violência em suas lojas. O texto diz ainda que a empresa abriu investigação interna sobre o caso e que os seguranças envolvidos foram imediatamente afastados.

O supermercado por meio de sua assessoria acrescentou que a polícia e o socorro foram acionados imediatamente, assim como registrado boletim de ocorrência sobre o caso e de estar contribuindo com as autoridades para o aprofundamento das investigações.

A Polícia Militar informou que foi acionada para atender à ocorrência, mas quando as equipes chegaram ao local a vítima já tinha sido levada para o hospital pelos bombeiros. Ainda de acordo com a PM, os agentes levaram os envolvidos e testemunhas para a delegacia onde o caso foi registrado.

Porém, o caso agora está sob responsabilidade da Delegacia de Homicídios da Capital.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes JC

O seu conteúdo grátis acabou

Já é assinante?

Dúvidas? Fale Conosco

Ver condições

Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory