TORRES GÊMEAS

Caso Miguel: entidades e sociedade civil programam ato para cobrar justiça

Manifestação está prevista para acontecer às 15h desta sexta-feira, em frente às "Torres Gêmeas", condomínio onde aconteceu a morte de Miguel

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 05/06/2020 às 13:20
Reprodução/ Redes Sociais
FOTO: Reprodução/ Redes Sociais

Organizações sociais e ativistas vão fazer um protesto, nesta sexta-feira (5), às 15h, pedindo justiça pela morte do menino Miguel Otávio, de 5 anos. O caso jogou luz sobre o racismo e os privilégios da classe média e das pessoas brancas. O ato será realizado em frente ao Condomínio Píer Maurício de Nassau, conhecido como "Torres Gêmeas", no bairro de São José, área central do Recife, de onde o garoto caiu do 9º andar de um dos prédios.

A família de Miguel também está se mobilizando para protestar nesta sexta-feira em frente às torres gêmeas. O ato está marcado para às 15h. Um dos pedidos é para que as pessoas vistam branco e levem cartazes que apoiem a reivindicação por justiça.

Jean Pierre, que é membro da Coordenação Estadual e Conselheiro Estadual de Direitos Humanos do Movimento Negro Unificado, fala sobre o objetivo do ato. “A mensagem que a gente deixa é que toda sociedade ninguém nasce racista, ela aprende a ser racista, ela é ensinada. Que a sociedade entenda mais uma vez que o racismo não é mimimi, não é brincadeira, ele mata”, comentou. “Convidamos toda a sociedade antirracista (...) e a gente espera mais um ato pacífico e a gente espera que a justiça seja feita”, disse.

O caso

O fato aconteceu na tarde da última terça-feira (2), quando Mirtes deixou o filho sob a responsabilidade da patroa e desceu para passear na rua com o cachorro da família. A esposa do gestor, Sarí Corte Real, foi presa em flagrante e liberada, após pagamento de fiança no valor de R$20 mil, por ter deixado Miguel sozinho dentro do elevador do prédio. Ao sair do equipamento, a criança, procurando pela mãe, acessou o vão dos condensadores de ar-condicionado, subiu no guarda-peito e caiu de uma altura de 35 metros.

De acordo com a polícia, as imagens das câmeras de segurança foram a principal prova da "negligência" da mulher, como a polícia definiu. Os detalhes das etapas iniciais da investigação foram detalhados em videocoletiva de imprensa com o delegado que está à frente do caso, Ramón Teixeira, titular da Delegacia Seccional de Santo Amaro.

Morte

Segundo o perito André Amaral, as imagens do circuito interno de segurança mostram que a criança saiu do quinto andar, entrou no elevador sozinho e subiu até o nono andar. Lá, ele teve acesso ao hall de serviço onde fica o condensador de ar condicionado. Ainda segundo o perito, o menino teria escalado o guarda peito de metal e caiu de uma altura de 35 metros. “Tinha marca de sandália e caracteriza de 1,20 m que é a altura da vítima”, disse. “A área de acesso lá [no 9º andar], a janela estava aberta, não tinha nenhuma proteção, qualquer pessoa tem acesso, mas não era uma coisa comum ter um acesso a uma criança naquele trecho (...) Verificamos que se trata de uma natureza acidental”, completou.

Testemunhas relataram que o menino estava procurando a mãe. “O pessoal fala que ele estava chamando a mãe”, contou. Segundo a mãe de Miguel, o acidente foi muito rápido e aconteceu no momento em que ela havia decido o prédio para passear o cachorro dos patrões. A mulher também afirmou que tinha deixado o filho no apartamento com a dona da casa e uma manicure.

O corpo da vítima foi liberado do Instituto de Medicina Legal (IML) na manhã desta quarta-feira (3) e o sepultamento aconteceu nesta tarde no cemitério de Bonança, distrito de Moreno.

*O nome da suspeita não foi divulgado pela Polícia Civil em cumprimento da Lei de Abuso de Autoridade nº 13.869/2019, que, entre outros pontos, proíbe a divulgação de imagens e nomes por parte dos policiais e servidores públicos membros dos Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário e do Ministério Público. A pena é de até quatro anos de prisão, caso a autoridade descumpra a legislação.