Em ato que pede justiça pela morte do menino Miguel Otávio, de 5 anos, a tia dele Francicleide Souza disse que a mulher autuada em flagrante por homicídio culposo chegou a ir ao velório da criança, na quarta-feira (3). Manifestantes se reúnem em frente ao Condomínio Píer Maurício de Nassau, conhecido como "Torres Gêmeas", no bairro de São José, área central do Recife, na tarde desta sexta-feira (5), de onde o garoto caiu do 9º andar de um dos prédios.
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Segundo a tia de Miguel, a mulher chegou a pedir perdão e confessar que seria presa pelo crime. “Por que ela não foi presa? (...) Por que ela não teve paciência de 5 minutos a 10 esperar minha irmã subir com os cachorros dela? Ela não esperou de maneira nenhuma! Teve cara de pau e foi para o velório”, disse.
Parte dos manifestantes realizou um ato em frente ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e em seguida saiu em caminhada até as “Torres Gêmeas”.
O pai do garoto, Paulo Inocêncio, diz que espera também a justiça divina e acredita que a suspeita de homicídio culposo, a patroa da mãe da criança, será cobrada também no céu.
“Eu espero da justiça que eles cobrem e ela pague na justiça da terra e na do céu. Se falhar aqui, na de cima não falha”, enfatizou Paulo Inocêncio. “Tudo que eu tinha era meu filho. Ele foi embora e minha vida com ele. Eu só quero justiça e a pessoa que fez isso com ele pague. Era uma criança inocente”, concluiu.
O caso
O fato aconteceu na tarde da última terça-feira (2), quando Mirtes deixou o filho sob a responsabilidade da patroa e desceu para passear na rua com o cachorro da família. A esposa do gestor, Sarí Corte Real, foi presa em flagrante e liberada, após pagamento de fiança no valor de R$20 mil, por ter deixado Miguel sozinho dentro do elevador do prédio. Ao sair do equipamento, a criança, procurando pela mãe, acessou o vão dos condensadores de ar-condicionado, subiu no guarda-peito e caiu de uma altura de 35 metros.
De acordo com a polícia, as imagens das câmeras de segurança foram a principal prova da "negligência" da mulher, como a polícia definiu. Os detalhes das etapas iniciais da investigação foram detalhados em videocoletiva de imprensa com o delegado que está à frente do caso, Ramón Teixeira, titular da Delegacia Seccional de Santo Amaro.
Morte
Segundo o perito André Amaral, as imagens do circuito interno de segurança mostram que a criança saiu do quinto andar, entrou no elevador sozinho e subiu até o nono andar. Lá, ele teve acesso ao hall de serviço onde fica o condensador de ar condicionado. Ainda segundo o perito, o menino teria escalado o guarda peito de metal e caiu de uma altura de 35 metros. “Tinha marca de sandália e caracteriza de 1,20 m que é a altura da vítima”, disse. “A área de acesso lá [no 9º andar], a janela estava aberta, não tinha nenhuma proteção, qualquer pessoa tem acesso, mas não era uma coisa comum ter um acesso a uma criança naquele trecho (...) Verificamos que se trata de uma natureza acidental”, completou.
Testemunhas relataram que o menino estava procurando a mãe. “O pessoal fala que ele estava chamando a mãe”, contou. Segundo a mãe de Miguel, o acidente foi muito rápido e aconteceu no momento em que ela havia decido o prédio para passear o cachorro dos patrões. A mulher também afirmou que tinha deixado o filho no apartamento com a dona da casa e uma manicure.
O corpo da vítima foi liberado do Instituto de Medicina Legal (IML) na manhã desta quarta-feira (3) e o sepultamento aconteceu nesta tarde no cemitério de Bonança, distrito de Moreno.
*O nome da suspeita não foi divulgado pela Polícia Civil em cumprimento da Lei de Abuso de Autoridade nº 13.869/2019, que, entre outros pontos, proíbe a divulgação de imagens e nomes por parte dos policiais e servidores públicos membros dos Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário e do Ministério Público. A pena é de até quatro anos de prisão, caso a autoridade descumpra a legislação.