PESQUISA

Em Pernambuco, plasma de pessoas curadas da covid-19 será usado em pacientes graves

Quem tiver mais de 18 anos, for do sexo masculino e tiver se recuperado da covid-19 há mais de 30 dias pode doar

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 29/06/2020 às 16:57
Asaad Niazi/AFP
FOTO: Asaad Niazi/AFP

Um estudo utilizando o plasma de pessoas que tiveram a covid-19 é a nova esperança no combate ao novo coronavírus. A parte líquida do sangue de quem já se recuperou do Sars-coV-2 contém anticorpos que conseguem neutralizar o vírus. Dessa forma, seria possível reduzir a mortalidade e o tempo de internação dos pacientes infectados Pesquisadores de todas as partes do mundo estão estudando sobre a nova intervenção contra a covid-19 e entre eles está um grupo de cientistas da Universidade de Pernambuco (UPE). O estudo já foi aprovado pelo comitê de ética e na próxima quarta-feira (1º) será iniciada a fase de testes.

O infectologista, professor e líder da pesquisa da Universidade de Pernambuco (UPE), Demócrito Miranda Filho, detalha como o estudo irá funcionar. “Nessa fase inicial, a gente está convidando doadores em potencial par afazer a doação de plasma, a gente vai fazer a produção desse plasma. Vários testes devem ser feitos neste momento e depois a gente vai entrar nos hospitais para fazer o ensaio clínico”, disse.

Segundo o pesquisador, as duas fases devem ser iniciadas no mês de julho, porém com um intervalo de duas semanas para conseguir coletar uma quantidade suficiente do material. “A gente tem uma capacidade limitada de produzir, não vai ser uma coisa rápida, mas a gente a gente imagina que vai ter a possibilidade de coletar entre quatro e oito pacientes por dia. Cada paciente a gente pode gerar uma a duas bolsas de plasma. Para o tratamento, a gente usa uma bolsa em cada tratamento”, explicou.

O procedimento consiste na transfusão do plasma de sangue de um paciente curado para outro que ainda está com a doença em atividade. Com essa terapêutica, pretende-se diminuir os sintomas da infecção e a carga viral no organismo, o que possibilita a melhora do doente.

Ele explica os critérios para participar do projeto. “Quanto aos pacientes que a gente vai usar o plasma, a gente não pode escolher quem são as pessoas. A gente tem alguns critérios para entrar no estudo, que são: ter mais de 18 anos, estar internado no Hospital Oswaldo Cruz, Procape ou Hospital das Clínicas, da UFPE, com a forma grave da doença, e ter alguns indicadores de mal prognóstico, como diabetes, hipertensão, doença pulmonar crônica, ser obeso. Essas pessoas têm o risco mais agressivas da doença e são elas que a gente pretende envolver nesse estudo”, detalhou. “Uma vez que elas atendam esses critérios, elas vão entrar no estudo e serão sorteadas para receber o plasma ou entrar no grupo-controle que não recebe o plasma”, completou.

Como doar

Quem tiver mais de 18 anos, for do sexo masculino e tiver se recuperado do novo coronavírus há mais de 30 dias pode participar da pesquisa. Para ser voluntário e doar o material é preciso marcar uma avaliação através do site www.hemope.pe.gov.br ou ligar no telefone 08000811535.

O processo de doação do plasma dura, em média, 40 minutos. Só homens doam, mas pessoas de ambos os sexos podem receber a transfusão.“Há uma reação comum que pode acontecer em receptores quando o plasma vem de mulheres que já engravidaram, pois elas produzem anticorpos capazes de levar a uma reação no paciente. Então, por regra, só se usa plasma de homem”, destaca Demócrito. A transfusão é feita através de uma veia e dura menos de uma hora.