Saúde

Médico endocrinologista lista riscos de uma gravidez precoce

O médico Fernando Bandeira explicou algumas consequências de gravidez precoce; ele também falou quais problemas que o abuso sexual pode causar em crianças

Carol Coimbra
Carol Coimbra
Publicado em 18/08/2020 às 11:12
Arquivo/Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
FOTO: Arquivo/Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Em entrevista ao Passando a Limpo desta terça-feira (18), o médico endocrinologista Fernando Bandeira falou sobre qual seria uma idade mínima para engravidar e quais os riscos de uma gravidez precoce. Segundo ele, é preciso mais do que poder gerar uma criança biologicamente, pois também é necessário maturidade psicológica.

“Existe a idade biológica para gestação, mas existe também a maturidade para gestação, é tanto que a gravidez em adolescentes é um problema sério porque, apesar da adolescente biologicamente poder engravidar pelos hormônios, a maturidade para ter uma gravidez, a maturidade psicológica, geralmente não existe. Então, mesmo quando a puberdade começa, porque a gravidez só é possível quando há uma maturação do sistema reprodutivo hormonal na mulher, e a maioria das meninas começa a puberdade entre 10 e 11 anos, e essa puberdade termina lá para os 18 anos. Quando a puberdade começa, normalmente não há ovulação, mesmo quando a mulher menstrua a primeira vez que isso ocorre em média dois anos depois que a puberdade começa. O início da puberdade na menina constitui no crescimento da mama e depois vem o crescimento dos pelos e o estirão da altura. Então, a natureza é sábia por isso, apesar de a menina ter todos os hormônios, apesar de ela menstruar, durante muito tempo ela não consegue engravidar porque não ovula. Isso é o que a natureza faz na maioria das meninas”, afirmou Bandeira.

Em relação ao caso da criança de 10 anos vítima de estupros pelo próprio tio no Espírito Santo, o fato de ela ter sido submetida tão cedo aos abusos, pode ter sido responsável por uma ovulação precoce, acredita o médico.

“O trauma na infância leva a problemas hormonais e, um deles, que é o mais comum, é o chamado nanismo psicossocial. Então, as crianças que sofrem pressão por estresse, sofrem violência, não tem carinho, não tem afeto, podem crescer inadequadamente. No caso, por ela ter tido esse histórico de ter sido estuprada por muito tempo, é possível que aquela atividade sexual no momento totalmente inoportuno, possa ter feito uma produção hormonal mais cedo. Isso é tão comum, que aconteceu com ela, que não há dados científicos falando, mas é possível que sim. Mas o mais comum, causado por traumas na infância, é desenvolver o nanismo e, na vida adulta, esses indivíduos frequentemente têm depressão. Talvez seja a causa mais comum de depressão do adulto seja traumas psicológicos infantis” relatou.

Confira a entrevista na íntegra: