Reinfecção pela covid-19

Coordenador de pesquisa fala sobre reinfecção pela covid-19 e possibilidade de segunda onda de casos

O médico e professor da UFPE Carlos Brito conversou com Geraldo Freire sobre casos de pessoas que já pegaram o vírus mais de uma vez

Carol Coimbra
Carol Coimbra
Publicado em 02/10/2020 às 12:12
Governo do Estado de São Paulo
FOTO: Governo do Estado de São Paulo

Em entrevista ao Passando a Limpo desta sexta-feira (2), o médico e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Carlos Brito, que é coordenador de uma pesquisa sobre a reinfecção pela covid-19, comentou sobre o andamento de casos da doença. Ele falou que a reinfecção pode acontecer, mas não é frequente, pois seriam muitos casos de pessoas com segunda infecção por Covid-19.

“A reinfecção não é tão frequente, ela não será o usual. Nós não temos garantias da resposta imune do indivíduo que teve a covid-19 e se curou. Existem lacunas nas respostas imunes e há, sim, a possibilidade de algumas pessoas terem uma segunda infecção, não produzirem anticorpos suficientes.”

O médico falou sobre a pesquisa que coordena. Ela estuda casos de pessoas que voltaram a apresentar sintomas do novo coronavírus. “Nesses dois casos, as pessoas tiveram a primeira onda de sintomas de sintomas de covid, depois ficaram assintomáticos. São profissionais de saúde que se expõem mais. Depois disso, voltaram a ter uma segunda onda de sintomas, tiveram tosse, febre, semelhante ao primeiro. Só que, na segunda [vez], o que é curioso, é que eles tiveram sintomas mais específicos ainda, como a perda do cheiro e do paladar. E, quando fizeram o teste ,deu mais uma vez o positivo, mesmo tendo produzido anticorpos.”

Segundo o professor, são vários fatores que determinam se uma pessoa vai ter um grande impacto ou não do vírus no corpo. Depende das células de defesa do corpo e da imunidade. Ainda existem lacunas quanto ao que a Covid manifesta. Mas ele acredita que uma segunda onda da doença não atingirá tantas pessoas.

“Há a possibilidade real, mas isso não será o mais frequente, uma lógica. São 34 milhões de pessoas infectadas no mundo. Se isso fosse uma coisa usual, nós teríamos milhares de pessoas com a reinfecção” afirmou.

“Mas é uma alerta importante porque, de certa forma, sabemos que existem essas lacunas, alguns indivíduos podem não desenvolver a defesa completa e não estarem isentos de terem uma segunda infecção. Por isso que os cuidados de isolamento, distanciamento e uso de máscaras devem continuar” alertou o professor.

Volta às aulas

Sobre a situação da volta às aulas e abertura das escolas, o médico afirmou que não é especialista no assunto, mas acredita que as escolas podem, sim, abrir, mas com cuidados.

“Uma opinião, pelas leituras que tenho feito, acho que deve-se ter cuidado. Seguir os protocolos, números de pessoas que vão estar presencialmente. Se você tiver uma estratégia que se surgirem novos casos, exista um bloqueio adequado. Estamos em uma fase no estado que conseguimos ter um controle, essas coisas podem ser retomadas desde que existam cuidados” disse.

Confira a entrevista na íntegra: