O Recife é a capital do Nordeste com a maior taxa de mortalidade em virtude da covid-19 a cada 100 mil habitantes. A professora e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco (Fiocruz-PE), Ana Brito, chama a atenção para a questão provocada pela pandemia do novo coronavírus.
“O Recife lidera desde o começo da pandemia, porque foi um dos primeiros epicentros do Nordeste, junto com Fortaleza. Ela lidera a taxa de mortalidade, que significa o risco de morte, uma vez tendo contraído a covid (...) E isso significa, por exemplo, se compararmos com a cidade de São Paulo, que foi o principal epicentro da pandemia brasileira, e é uma cidade que tem sete vezes mais habitantes do que a cidade do Recife, nós temos uma taxa 40% maior do que a da cidade de São Paulo”, explica.
Considerando o resumo de casos, óbitos, incidência e mortalidade por causa da covid-19 no Brasil, a região nordeste aparece em quarto lugar. O estado de Pernambuco ocupa o 3º da região Nordeste, conta a pesquisadora, que salienta a importância dos números absolutos de casos durante análise dos dados relacionados à doença.
“Números absolutos se relacionam com a população para a gente poder avaliar risco (...) O número absoluto é importante para mostrar a carga de morte por covid-19 na cidade do Recife, sendo superada apenas pelas cidades de Fortaleza e Salvador, que são duas capitais que têm uma população bem maior do que a população do Recife”, explicou.
A taxa de mortalidade é um indicador que mede o risco de as pessoas virem a ter a doença e, em seguida, morrer por complicações da infecção. Foi a avaliação desse coeficiente que permitiu identificar que morre-se mais por covid-19 na capital pernambucana. Ana Brito destaca ainda que a desaceleração do avanço da doença no Recife não representa o controle do vírus, que continua ativo e em circulação.
“(...) um outro dado que é importante, é ver a tendência da mortalidade. Quer dizer, há uma redução do número de óbitos, nas últimas semanas, a gente está assistindo uma desaceleração. Mas o mais importante para a população, é que essa desaceleração não significa que nós temos controlado a transmissão do vírus. Nós temos transmissão ativa do coronavírus. Nós temos possibilidades de repiques, ou seja, de reintrodução desses casos”, finalizou.
Em nota, a Prefeitura do Recife informou que a cidade viveu um pico da doença muito cedo e é natural que apresente um número acumulado maior do que outros municípios que tiveram o ápice da doença depois. A prefeitura reforçou que os números da pandemia estão caindo na capital, que apresentou no mês de setembro uma queda de mais de 50% em comparação com o mês de agosto.
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