INQUÉRITO

Após concluir que PM achado em carro cometeu suicídio, Polícia Civil apresenta detalhes do inquérito

O PM Igor Bernardo dos Santos Gomes, de 24 anos, foi encontrado morto dentro do próprio carro, no dia 2 de novembro

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 03/12/2020 às 16:00
Reprodução/JC
FOTO: Reprodução/JC

Em coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (3) a Polícia Civil de Pernambuco apresentou os detalhes sobre a conclusão das investigações da morte do policial militar Igor Bernardo dos Santos Gomes, de 24 anos. A polícia já havia revelado que a causa da morte foi suicídio. No entanto, o desfecho foi questionado pela família. Para confirmar o resultado, foram apresentados vídeos do carro do policial.

O inquérito foi concluído pelo delegado especial Francisco Júnior, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Apesar de as imagens divulgadas terem cerca três minutos, a polícia informou que analisou gravação completa dos dez dias. “Várias perícias bastante conclusivas, especialmente a imagem do veículo estacionando, não ocorrendo nenhuma edição, de acordo com a perícia, nas imagens. Até o momento de localização do Igor, não ocorre a entrada ou a saída [no carro do PM] de qualquer pessoa. Isso já deixa bem claro o que ocorreu. Mas também nós temos vários outros elementos que deixam bem claro que foi uma ação suicida”, contou. “Também foi investigado se ocorreu alguma instigação ou auxílio a esse suicídio. Nada foi identificado nesse aspecto”, completou o delegado, acrescentando que não houve indiciamentos ao final do processo.

O delegado disse que também levou em consideração que Igor já havia tentado tirar a própria vida outras três vezes, segundo relatos de amigos e vizinhos. "Temos depoimentos que deixam bem claro que foi uma ação suicida", concluiu.

O delegado ainda afirmou que o fato de a família não aceitar o desfecho das investigações é compreensível, diante do luto. Porém, qualquer pessoa que não esteja envolvida emocionalmente com o caso e tenha acesso aos autos, irá concordar com a conclusão das investigações.

Resultado dos exames de balística e para detectar pólvora

Além dos vídeos, foram feitas perícias no veículo no local do crime, perícias adicionais no veículo, exame residuográfico, de balística e no IML. Ainda foram analisados 14 depoimentos colhidos, prontuário médico e documentos diversos, segundo a Polícia.

O perito Diego Costa comentou que a balística averiguou a arma usada e os elementos balísticos encontrados no corpo e no veículo. "Essas comparações deram positiva, ou seja, que a arma utilizada foi a do próprio Igor", disse. Já o residuográfico, que identifica vestígios de metais como chumbo, não encontrou amostras de pólvora. "O corpo passou por um processo de decomposição muito grande, e esse tipo de decomposição, além da própria característica dos exames residuográficos, deram a possibilidade de não se encontrar resíduo de disparo de arma de fogo, como chumbo", contou.

O estado de deterioração do corpo também dificultou que a polícia determinasse a data exata de morte da vítima. "As características da decomposição, e também levando em consideração o local em que o corpo estava, que era o carro, que gerava muito calor pela exposição ao sol e criava um ambiente de estufa, dão a precisão de entre 8 a 10 dias. Isso nos leva a acreditar que ele morreu assim que estacionou o veículo ou pouco depois", finalizou.

Relembre o caso

O policial militar Igor Bernardo, de 24 anos, desapareceu no dia 24 de outubro. Ele saiu de casa dizendo que se encontraria com uma corretora de imóveis e nunca mais voltou. O corpo dele foi encontrado no dia 2 de novembro, dentro do carro do policial, um Toyota Etios de cor prata, na Rua Carlos Pereira Falcão, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. O veículo estava estacionado a apenas 50 metros de distância do prédio onde mora o pai de Igor.