Em transmissão nas suas redes sociais, nesta quarta-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que não vai conseguir atender os pedidos dos caminheiros de evitar o aumento de R$ 0,09 no preço do litro do óleo diesel na bomba. O pessimismo de Bolsonaro se dá após avaliação do Ministério da Economia, que indicou o prejuízo financeiro em caso de manutenção do preço do diesel.
"Procurei a equipe da Economia para anularmos os nove centavos do diesel. Agora, cada centavo para diminuir no diesel, eu tinha de buscar receita em outro local; ou criar outro imposto ou aumentar outros impostos. E, cada centavo do diesel equivale R$ 800 milhões por ano. Cada centavo no diesel, eu tenho de buscar em algum outro local R$ 800 milhões", explicou Bolsonaro, em transmissão na internet.
O presidente da República deixou claro que a Petrobrás tem autonomia para praticar os preços que, segundo ele, é baseado no mercado internacional. "Tivemos esse reajuste de nove centavos no óleo diesel e lamentamos. Mas a Petrobrás tem a sua autonomia e leva em conta o preço dos combustíveis o preço do barril lá fora e do dólar aqui dentro (do País). Enquanto isso não acalmar, fica essa instabilidade do preço. Sabemos os sacrifícios dos caminheiros e o que mais peso no bolso deles é na hora de abastecer o tanque de óleo diesel. Temos uma conta alta aqui, o biodiesel, que sai muito mais caro. E isso reflete também no preço final do combustível", justificou.
Por fim, Jair Bolsonaro enfatizou que se atendesse aos anseios dos caminheiros, ele estaria prejudicando toda a população brasileira. "Se quiser diminuir qualquer percentual, eu tenho de arrumar uma fonte compensadora pra aquilo. Eu não sei se é possível ou não. Quem fala de economia é o Paulo Guedes. Eu levo a sugestão e ele analisa levando em conta o mercado e a economia do mundo todo. Seria bom se nós pudéssemos diminuir os impostos, e não aumentar, de acordo com o interesse público... O que a Economia me apresentou foi que se aumentar aqui, aumenta ali, vai penalizar todo mundo", argumentou o presidente.
A Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB) apoia uma nova greve de caminhoneiros. Em entrevista ao SBT News, o representante da entidade, José Roberto Stringasci - que também é integrante do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), grupo composto mais de 40 mil caminhoneiros em São Paulo e com representação em diversos estados do Brasil - afirmou que a categoria se articula para uma nova interrupção nas atividades, a partir de fevereiro e por período indeterminado.
A possível greve de caminhoneiros marcada para a próxima semana ganhou apoio de uma importante entidade da classe. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL) disse que apoia o movimento, que vem sendo convocado por grupos menores, insatisfeitos com o governo Bolsonaro.
A CNTTL tem cerca de 800 mil motoristas associados e orientou todos a aderirem ao movimento paradista. A previsão é que a greve tenha início na próxima segunda-feira, dia 1º.
Para o porta-voz da CNTTL, o caminhoneiro autônomo, Carlos Alberto Litti Dahmer, presidente do Sinditac (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga) de Ijuí-RS, e vice-presidente da CGTB, a categoria não "suporta mais tanta exploração e a insensibilidade do Governo Bolsonaro e do Supremo Tribunal Federal (STF) referente à agenda de reivindicações, que está parada há três anos (2018 a 2021)".
Ele ainda falou sobre o problema dos reajustes e prometeu uma greve, na próxima semana.
“Lamentável o reajuste da Tabela do Piso Mínimo de Frete, realizada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Tivemos um reajuste de 2,51% que é ínfimo. Só para se ter ideia o preço do pneu teve aumento nos últimos três meses de mais de 60%, seja nacional ou importado. Até hoje, não tivemos o julgamento do Piso pelo STF. Não podemos suportar essa situação. Hoje temos um piso mínimo da fome. Para nós inconstitucional é a fome e a exploração. Vamos dar um basta nisso. Vamos cruzar os braços no dia 1º de fevereiro", destaca Litti.
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