Pandemia do novo coronavírus

Fizemos o certo, diz secretário de Saúde de Pernambuco sobre reabertura gradual das atividades

Mesmo com números mostrando que a pandemia está em estado crítico, Pernambuco relaxou quarentena às vésperas do feriado da Páscoa

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 02/04/2021 às 10:51
Hélia Scheppa/SEI
FOTO: Hélia Scheppa/SEI

Apesar da alta de mortes em Pernambuco, o recorde de novos casos registrados em 24 horas, a taxa de 96% de ocupação em leitos de UTI e a baixa adesão ao isolamento social por parte da população, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, acredita que o governo acertou ao relaxar a quarentena e permitir a retomada de serviços não essenciais. Na quinta-feira (1), primeiro dia após o relaxamento da quarentena, o Estado confirmou mais 2.987 casos de covid-19 e outras 74 vidas levadas pelo vírus. O secretário também disse que, se a população não colaborar, novas medidas podem ser tomadas.

“Acreditamos que fizemos o certo”, disse André Longo, em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta sexta-feira (2), ao ser questionado sobre a decisão do governo de liberar as atividades econômicas de funcionarem às vésperas do feriadão de Páscoa. “Fizemos medidas restritivas mais intensas em duas semanas. Nos quatro últimos finais de semana, só serviços essenciais funcionaram”, argumentou o secretário, sem lembrar da baixa adesão da população ao isolamento social. Apesar dos serviços não essenciais não funcionarem durante 14 dias, o Estado jamais alcançou a meta de 60% de isolamento, e vários flagrantes de aglomerações foram registrados.

Os números atuais da pandemia em Pernambuco são preocupantes. Com os 2.987 novos casos, o Estado alcançou o maior recorde no números de registros em 24 horas desde o início da crise sanitária. Desses, 244 são pacientes em estado grave.

Se na quinta-feira, foram mais 74 mortes anotadas, na quarta-feira (31), já haviam sido confirmadas mais 57 vidas perdidas. Na terça-feira (30), foram 74 óbitos e, na segunda-feira (29), 38.

Mesmo assim, de acordo com o secretário, o “número de casos por si só não reflete a temperatura da pandemia”. Segundo André Longo, outros dados devem ser levados em consideração. “O que a gente tem de mais sensível é a pressão sobre o sistema de saúde. As pessoas que estão chegando às UPAs, e demandas por leitos de enfermaria e UTI, além de chamados do SAMU. Isso faz com que tenhamos uma tomada de decisão mais sensível”, alegou.

O Estado tem reforçado que está abrindo novas vagas nos hospitais para receber mais pacientes. Em menos de um mês, Pernambuco abriu mais 500 leitos de UTI. No entanto, a maior oferta de atendimento, não diminui a taxa de transmissão do vírus que, de acordo com o professor Jones Albuquerque, do Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco, segue alta. Ou seja, mais leitos estão sendo abertos, mas mais pessoas também estão adoecendo.

O secretário também disse, durante a entrevista, que, se a população não colaborar, novas medidas podem ser tomadas.

Transporte público

Na entrevista, o secretário André Longo também comentou sobre as críticas relacionadas às constantes aglomerações em ônibus e metrôs do Recife. Segundo Longo, o governo tem tomado medidas para diminuir a pressão sobre o horário de pico no transporte público, como a mudança de tarifas, a definição de horário de início das atividades do comércio e a implementação de mais 200 coletivos. “Iniciativas têm sido tomadas. É um problema estrutural de décadas. Difícil de resolver, não seria a pandemia que iria resolver [o problema do transporte público]”, disse André, reforçando que a população deve usar máscaras ao se deslocar pela cidade.

Ouça a entrevista na íntegra: