POLÍTICA

Oposição e governistas miram em Mandetta para início da CPI da Covid

Mandetta deixou o Ministério da Saúde em abril de 2020, após divergências com relação ao enfrentamento da pandemia com o presidente Jair Bolsonaro

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 14/04/2021 às 15:49 | Atualizado em 03/02/2022 às 12:10
Marcelo Camargo/Agência Brasil
FOTO: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-ministro da Saúde e ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Luiz Henrique Mandetta (DEM), está na mira de senadores da oposição e aliados do governo federal para iniciar lista de convocações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que foi oficializada nesta terça-feira (13). A informação foi revelada pelo portal SBT News.

A CPI da Covid incluiu investigar também os repasses federais a estados e municípios durante a crise sanitária, além de investigar a conduta do governo federal no combate à pandemia.

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Mandetta e as leições 2022

Ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro e um possível adversário nas eleições de 2022, para os governistas, a estratégia de incluir Mandetta poderia evitar que o colegiado avançasse na investigação contra o também ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que deixou a pasta em março, após o colapso no Amazonas e durante a segunda onda da covid-19 no país.

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Aos apoiadores, Bolsonaro falou, nesta quarta-feira (14), que a CPI servirá de "palanque político" e criticou a política de isolamento defendida por Mandetta, ainda em 2020. "Estamos há um ano achatando essa curva. Mandamos recursos, foram aproximadamente R$ 700 bilhões de reais. (...) Aí querem me investigar? Cria-se um ambiente de animosidade, é uma interferência sim desse ministro pra me atingir", disse.

Ficarão responsáveis pela coordenação de estratégias entre o Executivo e o Legislativo na CPI os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), e no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO).

Nos bastidores, bolsonaristas alegam que tentarão recuperar processos ainda de 2020, durante a gestão de Mandetta, no Tribunal de Contas da União (TCU) para compras de materiais hospitalares e uma central de telemedicina.

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Além disso, técnicos do órgão chegaram a reclamar em um dos acórdãos sobre a dificuldade de obter informações iniciais sobre o processo de licitação.

Luiz Henrique Mandetta deixou o Ministério da Saúde após defender medidas de restrição, como o isolamento social, e criticar o tratamento precoce com o uso da hidroxicloroquina, diferentemente do presidente Jair Bolsonaro, em abril de 2020.

Oposição quer outros ex-ministros convocados

A oposição trabalha para que, além de Luiz Henrique Mandetta, outros ex-ministros também sejam convocados: Eduardo Pazuello e o médico Nelson Teich, segundo a ocupar a pasta. Parlamentares querem também ouvir o atual ministro, Marcelo Queiroga, para esclarecer o atraso na compra de vacinas e as ações no enfrentamento ao coronavírus.

A interlocutores, Mandetta disse acreditar que será inevitavelmente chamado para depor na CPI da Covid.