
A crescente onda de violência contra mulheres trans e travestis em Pernambuco deve ser combatida com educação, entre outras iniciativas. É o que acredita a pesquisadora do Observatório de Segurança de Pernambuco, Dália Celeste. Ela participou do Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta quinta-feira (8).
“Não são casos isolados. O perfil dos executores que estão causando essa violência é um perfil enraizado dentro desse sistema de preconceito, de ódio. O crime de transfobia é praticado sempre com grandes requintes de crueldade. Não basta matar [na cabeça dos agressores]. São inúmeras facadas, estrangulamentos, no caso da Roberta, ela foi queimada viva”, disse Dália.
Roberta Silva, de 33 anos, teve 40% do corpo queimado na madrugada do Dia de São João, no centro do Recife. Por causa da gravidade dos ferimentos, os dois braços da vítima foram amputados. Além disso, ela está internada e o estado de saúde é considerado grave. Neste caso, um adolescente de 17 anos é o principal suspeito de cometer o crime.
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Na quarta-feira (7), Fabiana Silva, de 30 anos, foi morta a facadas em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, após perguntar onde era o banheiro em uma festa. Um jovem de 22 anos, suspeito de cometer o crime, foi espancado por moradores da região e está internado no Hospital da Restauração no Recife.

Nos dois casos, os possíveis agressores são jovens. Para Dália, é necessário que jovens sejam educados a respeitar a transexualidade. “Nós precisamos educar as crianças porque elas estão sendo ensinadas dentro dessa lógica de preconceito que trans não devem ter dignidade. [O homem que mata uma trans] ele mata porque ele não sabe lidar com o corpo que desde a infância foi ensinado a ele que é errado. Por isso, há esse processo de higienização”, disse.