Transfobia

Símbolo da violência contra mulheres trans: morte de Roberta Silva repercute entre políticos e internautas; veja declarações

Roberta Silva, de 33 anos, morreu nesta sexta-feira (9), após duas semanas internada em hospital. Ela teve 40% do corpo queimado em brutal ataque no Recife

Atualizada às 13h22
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Publicado em 09/07/2021 às 11:54
Reprodução/Instagram/Liana Cirne
FOTO: Reprodução/Instagram/Liana Cirne

A morte de Roberta Silva, de 33 anos, mulher trans que foi queimada viva no Recife, repercute entre políticos e internautas. Após duas semanas lutando pela vida no Hospital da Restauração, Roberta teve a morte confirmada por volta das 9h desta sexta-feira (9). A morte foi causada por insuficiências renal e respiratória, segundo a assessoria do hospital. Ela teve 40% do corpo queimado e os dois braços amputados.

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), lamentou a morte de Roberta e prometeu criar uma casa de acolhimento para a comunidade LGBTQIA+ na cidade. "Lamento profundamente a morte da mulher trans Roberta da Silva. É intolerável qualquer vida perdida para o ódio e para o preconceito. Vamos avançar com novas ações para ampliar o atendimento a esta população, como a Casa de Acolhida LGBTI+, que irá receber o nome de Roberta", escreveu o prefeito no Twitter.

A deputada fedural Marília Arraes (PT) também se pronunciou. "Roberta Silva, mulher trans, pernambucana, que vivia em situação de rua e teve seu corpo queimado, morreu depois de lutar muito pela vida. Roberta é a 3ª vítima fatal da transfobia aqui em PE só neste mês. Não podemos aceitar! Não podemos calar mais esse crime bárbaro!", tuitou Marília.

Também no Twitter, o senador Humberto Costa (PT-PE) escreveu: "Ela é mais vítima do ódio e da intolerância. Em menos de um mês, já são quatro os casos de violência em Pernambuco. É preciso ocupar os espaços, denunciar o preconceito e dar um basta a tanta violência. Nossa solidariedade à família da Roberta, aos amigos".

Vereadora do Recife pelo Psol, Dani Portela escreveu: "Infelizmente acabamos de saber que Roberta não resistiu e morreu, após uma luta de 15 dias no hospital. Que sociedade é essa que faz adolescentes matarem mulheres trans queimadas vivas? Não podemos nos calar diante isso, temos que ir até o fim! Queremos a comunidade trans VIVA!".

Pedido por políticas públicas para a comunidade trans

O também vereador Ivan Moraes (Psol) disse: "Mais do que triste a notícia da morte de Roberta, mulher trans vítima de assassinato por queimadura. Já passou da hora de termos políticas q protejam essas pessoas. Mais que conversa e lamentos, precisamos de ações urgentes. A casa abrigo é apenas uma delas".

No Instagram, a vereadora do Recife Liana Cirne (PT) compartilhou a foto que estamapa esta reportagem e escreveu um longo texto. "Tivemos a triste notícia do falecimento de Roberta da Silva, 32 anos, mulher trans que teve o corpo incendiado na noite de 24 de junho, no cais de Santa Rita, no Recife.
Toda nossa solidariedade à família de Roberta, que deixa mãe e irmã. Esse é o quarto caso de transfeminicídio em Pernambuco no último mês: Kalyndra Nogueira da Hora, 26 anos, morta por asfixia no dia 18 de junho, no bairro de IPSEP; Crismilly Pérola, 37 anos, cabelereira, assassinada por um tiro, no dia 05 de julho, na várzea, Recife; Fabiana da Silva Lucas, 30 anos, morta a golpes de faca, dia 07 de julho, em Santa Cruz do Capibaribe.
Não é possivel tolerar tanto ódio! Nosso mandato durante o primeiro semestre esteve ao lado da luta LGBTQIA+ e continuaremos junto aos movimentos sociais no combate a todas as formas de discriminação, principalmente a transfobia", disse Liana.

Primeira codeputada estadual travesti de Pernambuco, Robeyoncé Lima (Junstas/Psol) escreveu: "Infelizmente, mais uma vítima de transfeminicídio em Pernambuco. Todas essas mortes devem ser honradas com a criação de uma política pública que nos proteja da transfobia!".

Ex-candidata à vice-presidente do país, Manuela D'Ávila (PCdoB) tuitou: "Roberta, a transsexual que foi queimada viva em Recife, não resistiu e faleceu ontem. Mais um caso de transfobia em um dos países que mais mata a população trans. É urgente que se adotem medidas para acabar com o preconceito e os crimes de ódio".

A pedagoga Ana Flor, que é travesti, fez uma série de publicações no Twitter. "A morte de Roberta não é um caso isolado, faz parte de um projeto biopolítico que visa controlar e ceifar vidas travestis. É o que tem acontecido em Recife, é o que acontece no Brasil", escreveu. "Não é prendendo um adolescente que resolvemos esse caso. É investindo em políticas públicas efetivas e de qualidade. Fortalecendo equipamentos públicos LGBTs, dialogando com ONGs parceiras, pensando segurança pública, de assistência e moradia como política de governo", acrescentou. "Protejam as travestis", pediu.