Pandemia do novo coronavírus

Ministério da Saúde reconhece ineficácia e desaconselha uso da cloroquina, ivermectina e outros medicamentos do kit covid

Nota tácnica do Ministério da Saúde afirma que medicamentos do kit covid "foram testados e não mostraram benefícios, não devendo ser utilizados"

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 15/07/2021 às 7:50
CFM/Divulgação
FOTO: CFM/Divulgação

Após mais de um ano desde que o novo coronavírus começou a ser registrado no Brasil e depois de inúmeras declarações do presidente Jair Bolsonaro defendendo medicamentos como cloroquina e ivermectina, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica reconhecendo que remédios do "kit covid" são ineficazes e não devem ser usados em pacientes com covid-19. Há muito tempo, os principais cientistas especializados no assunto já demonstravam que esses medicamentos não funcionam em pacientes vítimas da pandemia.

De acordo com o Ministério da Saúde, os medicamentos testados e reprovados são: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. Ainda de acordo com a pasta, "a ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados".

A nota técnica foi preparada pela equipe da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema de Saúde (Conitec) e enviada à CPI da covid-19. As novas diretrizes foram aprovadas por unânimidade e “devem ser seguidas nos serviços de saúde, públicos ou privados, que prestam atendimento a pacientes diagnosticados com Covid-19”.

Desde o segundo semestre de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS), que reúne as principais autoridades na área de saúde do mundo, diz que cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina não tem eficácia comprovada e podem provocar efeitos colaterais.

Em fevereiro deste ano, chamou atenção a declaração da médica infectologista Marise Reis, que é membro do comitê científico do Rio Grande do Norte, informando que mais de 90% dos pacientes internados em UTIs do Estado tinham tomado medicamentos do "kit covid". Isso demonstra que esses medicamentos são incapazes de proteger a população do novo coronavírus.

Antes disso, a fabricante da ivermectina, a Merck, já havia divulgado que o medicamento - que é usado contra piolho - não é eficaz contra covid-19.

Propaganda de medicamentos ineficazes

Apesar de não ser médico e não ter nenhum estudo sobre a área da saúde, o presidente Jair Bolsonaro sempre defendeu os medicamentos que nunca surtiram nenhum efeito positivo no combate à covid-19. Ele gravou vídeo tomando cloroquina e entrou ao vivo em uma rádio defendendo nebulização com hidroxicloroquina. A não recomendação desses medicamentos sem eficácia também foi a causa da demissão dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.