A crise humanitária instalada no Afeganistão, desde quando o Talibã decretou vitória contra o governo, é repercussão em todo o mundo. Muitas pessoas tentam entender o que está acontecendo na região e o motivo da população tentar deixar o país. Em entrevista ao Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o geógrafo com passagem pelo Oriente Médio, João Correia, contou qual o principal objetivo do grupo extremista a partir da tomada de poder na cidade de Cabul, capital do Afeganistão, que aconteceu no dia 15 de agosto. Confira abaixo o áudio com a entrevista completa:
''Eu acredito que o Talibã busca um reconhecimento internacional. Se conseguem reconhecimento da China e da Rússia, que tem economia forte e potência militar, respectivamente, o grupo sabe que não vai sobreviver sozinho. O Afeganistão é uma país considerado pequeno, com 30 milhões de pessoas, e vivem uma seca. Nesse primeiro momento, acredito que vão buscar uma imagem pragmática do grupo'', explicou João Correia.
De acordo com o geógrafo, o discurso 'morno' do Talibã não é surpresa. ''Eu já esperava que o Talibã, que é uma milícia com prática medievais e deturpa boa parte do islamismo, tivesse uma prática mais diplomática. Eles disseram que o grupo 'amadureceu e no âmbito das mulheres queremos a participação delas'. O que percebo é que, nesse primeiro momento, o Talibã tenta passar uma tranquilidade. Quando as pessoas souberam que o grupo chegou, começaram a fugir. São pessoas que tem lembranças do período entre 1996 e 2021'', contou.
Após terem tomado o controle de 31 das 34 capitais das províncias, o Talibã invadiu Cabul, a capital do Afeganistão. A única saída, por enquanto, é através o aeroporto de Cabul, pois os talibãs ainda não controlam. Segundo as agências de notícia, as forças americanas na tentativa de acalmar os cidadãos atiraram para o alto, mas aumentou o tumulto.
O Talibã busca a ressurreição completa do emirado islâmico, que governou o Afeganistão entre 1996 e 2001, seja por meio do diálogo, da força, ou com uma combinação dos dois, além de vários ataques com diversos alvos em todo. O primeiro ato foi negociar a saída de tropas americanas e estrangeiras do Afeganistão, através de acordo com os Estados Unidos, após mais de 20 anos de guerra.
Cerca de três dias depois do Talibã declarar vitória contra o governo do Afeganistão, o mulá Abdul Ghani Baradar, chefe do gabinete político dos talibãs no Catar, chegou ao país através do aeroporto de Kandahar, de acordo com o porta-voz político do grupo, Naeem Wardak, no Twitter. Ele estava em Doha, e é cotado para ser o presidente.
O cofundador do Talibã estava fora do Afeganistão desde que foi expulso do poder pelos Estados Unidos, devido aos ataques do 11 de setembro de 2001, há 20 anos. Atualmente, ele chefia o gabinete político do grupo.
O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antônio Guterres, conclamar que todas as partes em conflito no Afeganistão devem exercer a máxima contenção para proteger as vidas das pessoas e garantir os direitos humanos. Diante disso, Thales Castro comentou sobre qual o caminho para mudar a situação do país.
''No campo político, tem muito pouco do que pode ser feito. Eu percebo que é uma tragédia anunciada. A gente percebe que dois países importantes no cenário mundial formataram algum tipo de suporte: China e Rússia. Com a retirada das tropas dos Estados Unidos, simbolicamente é uma vitória dos chineses. Com isso, vão poder usar o território do Afeganistão para a reconstrução da infraestrutura do país. Isso traz mudanças geopolíticas no mundo todo'', afirmou o cientista político em entrevista a Rádio Jornal sobre o Afeganistão hoje.
Formado em 1994, o Talibã foi formado por ex-combatentes da resistência afegã, conhecidos coletivamente como mujahedeen, militantes islâmicos sunitas que lutaram contra as forças invasoras soviéticas na década de 1980. Eles pretendiam impor sua interpretação da lei islâmica e remover qualquer influência estrangeira no país.
Depois que o Talibã capturou Cabul em 1996, a organização islâmica sunita estabeleceu regras rígidas. As mulheres tinham que usar coberturas da cabeça aos pés, não tinham permissão para estudar ou trabalhar e foram proibidas de viajar sozinhas. TV, música e feriados não islâmicos também foram proibidos.
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