Futebol

MP do Governo Federal muda regras de transmissão de jogos

A medida assinada pelo presidente Jair Bolsonaro foi publicada em edição extra do diário oficial

Rádio Jornal
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Publicado em 18/06/2020 às 19:06
Divulgação/Intagram Maracanã
FOTO: Divulgação/Intagram Maracanã

As transmissões audiovisuais de jogos de futebol no Brasil podem mudar bastante, a partir da Medida Provisória nº 984 assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quinta-feira (18). Isso porque, a partir dela, fica a cargo da equipe mandante o direito de transmissão da partida. Anteriormente, era preciso haver acordo com as duas agremiações envolvidas. A MP tem o prazo de 60 dias, renováveis por mais 60, até a votação por parte do Congresso para torná-la lei. As aplicações devem ocorrer em maior escala a partir de 2024, quando grande parte dos clubes encerram seus contratos de transmissão com a TV Globo, detentora dos direitos do Campeonato Brasileiro na TV aberta e de grande percentual da TV fechada e pay-per-view. Porém, no curto prazo, algumas mudanças já podem ser sentidas.

No período de pelo menos dois meses, alguns jogos já serão influenciados pela medida provisória. Um caso? A retomada do futebol agora no Brasil em meio à pandemia do novo coronavírus, com Bangu x Flamengo, pelo Campeonato Carioca. O Bangu, por ser mandante do jogo no Maracanã, tem o direito de escolha quanto à transmissão da partida, e autorizou que a emissora detentora dos direitos do Estadual transmita a partida.

“O Bangu Atlético clube, na pessoa do presidente do conselho diretor Jorge Varela, não se opõe e autoriza, por parte da detentora dos direitos, a transmissão do jogo Bangu x Flamengo, no Maracanã, nesta quinta-feira, 18 de junho.” Disse o clube em rede social.

Mas para o longo prazo, as mudanças mexerão com a forma que nos acostumamos a assistir as partidas. Isso porque abre a possibilidade de uma maior concorrência para a transmissão dos jogos na TV aberta, TV fechada e pay-per-view, também torna mais abrangente a entrada do streaming no futebol brasileiro através de grandes marcas, como a DAZN – que já tem os direitos da Série C -, entre mais marcas que podem começar a investir no serviço por aqui. Outro ramo em que pode-se haver investimento é na transmissão própria por parte dos clubes em seus canais no YouTube ou plataformas de streaming, como o Athletico Paranaense e o Bahia fazem.

Negociação

A negociação individual trará um novo horizonte ao futebol brasileiro. Existe uma visão de que os clubes maiores poderão crescer ainda mais, “engolindo” os menores. Mas, por outro lado, os menores também ganham poder de barganha, pois em uma Série A, por exemplo, terão jogos de interesse das emissoras contra os gigantes nacionais. Daí cabe a cada um deles se planejar e até, quem sabe, formar grupos ou ligas, tal qual a Premier League age na Inglaterra.

Lá, apesar dos clubes terem também esse direito individual para a transmissão no seu mando de campo, eles se organizaram em conjunto para tornar o campeonato mais lucrativo para todos. Pensamento que não é possível de se garantir que haverá no Brasil, mas é um viés muito interessante. Fazendo o recorte do futebol nordestino na Série A deste ano, com quatro clubes, em um cenário em que nenhum deles tivesse contrato televisivo, a junção deles para a venda desses jogos em um pacote poderia trazer resultados muito bons para cada. Possibilidades a serem trabalhadas e um cenário que ainda vai se desenhar ao longo dos próximos anos, caso a lei vigore realmente.

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