Como ingressos exorbitantes de Retrô x Santa Cruz viraram caso de polícia e briga de deputados

O jogo da volta da decisão entre Santa Cruz e Retrô ultrapassou os limites do universo do esporte e chegou a causar confusão até na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe).

Na origem da confusão, o Retrô colocou o preço dos ingressos a R$300 (inteira) e R$ 150 (meia) para a torcida tricolor, que será visitante na Arena de Pernambuco.

O presidente do Retrô, Laércio Guerra, foi o responsável por informar o preço aos torcedores, ato que gerou uma revolta praticamente instantânea.

Guerra já esteve em outras polêmicas do futebol pernambucano, sendo a mais recente após as fortes chuvas em Recife, que atingiram o Centro de Treinamento do Náutico.

O jogo será a volta da primeira fase do mata-mata, válido pela Série D do campeonato brasileiro.

ALUÍSIO LESSA (PSB) X ROMERO ALBUQUERQUE (UB)

A confusão no legislativo começou quando o deputado estadual Aluísio Lessa (PSB) foi à Delegacia Especializada de Crimes Contra o Consumidor (Decom).

Lá, Lessa pediu a abertura de um inquérito policial envolvendo Laércio Guerra por crime contra os consumidores.

Daí, o também deputado Romero Albuquerque (UB) afirmou que o colega estaria agindo por autopromoção.

"É um fato inusitado, com certeza, ver um deputado governista finalmente se levantando de sua cadeira para fiscalizar algo. Hospitais? Dispensas de licitações? Denúncias de falta de transparência e descumprimentos de recomendações do Ministério Público Federal? Não, ingressos de uma partida de futebol", declarou ele.

Ainda por cima, Albuquerque defendeu o presidente do Retrô.

"Tratar um empresário que gera emprego e renda para o nosso estado como criminoso e levá-lo até a delegacia é irresponsável. É uma clara tentativa de se autopromover", disse.

É claro que Aluísio Lessa não deixaria a história por aí. "Não deixa de ser coincidência ... quem já cometeu crime defender atitudes criminosas", declarou o deputado.

Afirmando que estava cumprindo sua obrigação, Lessa remeteu ao passado para provocar o colega. Acontece que em 2016, quando era candidato a vereador do Recife, Albuquerque foi condenado pela Justiça Eleitoral por ter feito uso indevido das redes sociais na campanha eleitoral.

"A investigação policial é quem vai dizer se houve ou não prática delituosa. Cada um faz suas escolhas. Romero Albuquerque, fez a dele, de defender um cartola magnata do futebol. Eu fiz a minha, de ficar ao lado do torcedor comum, que vê o esporte como um paixão lúdica, um entretenimento saudável pra sua família e seus amigos", defendeu Aluísio.

Em nova resposta, Romero Albuquerque ironizou o colega.

"O ex-deputado Aluísio Lessa, enfim, conseguiu dar expressão ao seu mandato. Mas, a hora de conquistar votos já passou. Isto se faz com trabalho", afirmou.

Ainda por cima, Andreza Romero (PP), vereadora do Recife e esposa de Albuquerque, também fez uma declaração contra Lessa.

De acordo com ela, a "conduta desrespeitosa de Lessa é comum a quem desrespeita professores e faz conchavo com agressor de mulher".

Andreza falou sobre a indicação de Eduardo Gomes, ex-secretário interino de Justiça, que pertence ao gabinete do parlamentar.

Gomes é sócio do escritório que defende juridicamente Pedro Eurico, ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos, em num processo por violência contra sua ex-mulher.

Por fim, Albuquerque lançou uma nota sobre a fala de Lessa.

"O deputado estadual Aluísio Lessa, nada obstante os incontáveis anos que lhe pesam sobre os ombros, parece não ter aprendido a conviver com a liberdade de opinião e de livre manifestação. Diz o ditado: ‘quem disso usa, disso cuida’!", escreveu.

E finaliza: "Não irei entrar em polêmica com o parlamentar, na plena convicção de que conhece os caminhos e resultados de quem faz o mal uso do vernáculo para ofender e caluniar".

STJD

O Santa Cruz acionou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra o preço dos ingressos impostos pelo Retrô.

A ação se deu depois do clube tricolor obter uma liminar favorável do Tribunal de Justiça de Pernambuco, que determinou a redução dos valores para a decisão.

Como a liminar foi movida por um torcedor, agora o Santa Cruz se utilizou da esfera desportiva para reduzir o valor cobrado pelo ingresso para até R$ 400.

PEDRO CAVALCANTI, GERENTE GERAL DO PROCON-PE, SOBRE NOTIFICAÇÃO

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