SAÚDE

Bolsonaro não deveria ter sido transferido, diz renomado cirurgião

O cirurgião Claudio Lacerda mostrou preocupação pela transferência feita de avião de Jair Bolsonaro, realizada um dia após a primeira cirurgia

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 14/09/2018 às 10:30 | Atualizado em 07/10/2022 às 16:53
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O médico cirurgião Claudio Lacerda, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), avaliou com preocupação a transferência do candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, após ser esfaqueado, para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Inicialmente, Bolsonaro foi atendido na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, em Minas Gerais, quando foi esfaqueado no dia 6 de setembro durante ato de campanha.

“Se fosse um parente meu, se fosse eu pessoalmente, se eu fosse filho dele, eu não teria permitido aquela transferência de jeito nenhum. Eu acho que ele estava bem, estava num hospital que, embora público, hospital SUS, é um hospital que demonstrou competência em lidar com aquela situação e tratou ele numa situação dramática”, comentou.

Segundo doutor Claudio Lacerda, o Albert Einstein não tem experiências neste tipo de ocorrência. “Acho que há muita mistificação em relação aos hospitais privados que têm grandes recursos tecnológicos. Acidentes como o que aconteceu (...) eles são muito bem tratados em hospitais públicos do nosso país por colegas muito bem treinados, sérios. [O Hospital Israelita Albert Einstein] É um hospital que, embora tenha muitas virtudes, um hospital que tem área de domínios de excelência, não é um hospital que tenha vivência no tratamento desse tipo de situação”, justificou, citando o risco do traslado feito no dia seguinte de avião após a cirurgia.

O cirurgião questionou ainda a informação de que Jair Bolsonaro não poderia voltar a fazer campanha por conta da colostomia. “De jeito nenhum, existem muitas pessoas no mundo que têm colostomias definitivas e que fazem absolutamente tudo, sem nenhum tipo de restrição”, explicou. Segundo o médico, o candidato não precisará permanecer com a colostomia.

Ouça a entrevista completa:

Segunda cirurgia

Com relação ao segundo procedimento cirúrgico, o médico comentou ainda, com receio, sobre a necessidade da segunda intervenção. “Eu não sei exatamente qual é a situação clínica dele. Eu achei estranho que ele tenha sido reoperado imediatamente sob o argumento de que teria bridas na cavidade abdominal, aderências abdominais. Aderências abdominais e bridas não se formam em tão pouco tempo”, comentou. “É muito mais provável que ele tenha tido algum tipo de complicação, essa sim é muito frequente (...) Todos os relatos, boletins dão conta de que a evolução dele é sem infecção, sem nada grave. Realmente eu não entendi a indicação da reoperação de uma hora para outra”, completou.

Boletim médico

O Hospital Israelita Albert Einstein divulgou um boletim médico atualizado, na manhã desta sexta-feira (14). Segundo a unidade de saúde, "Jair Bolsonaro, permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em condições clínicas estáveis e sem complicações no período pós-operatório. Continua recebendo analgésicos para controle da dor, afebril e sem outros sinais de infecção. Durante o dia de hoje reiniciará fisioterapia – caminhada e exercícios respiratórios. Continua em jejum oral e alimentação parenteral exclusiva"