O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, entregou o cargo nesta sexta-feira (25) após a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, ser publicada no Diário Oficial da União nesta madrugada. Em pronunciamento realizado às 11h, Moro adotou um discurso duro ao deixar o governo federal, alegando intervenção política nas decisões do presidente Jair Bolsonaro. "Não tenho como persistir sem condições de preservar a autonomia da Polícia Federal ou sendo forçado a concordar com interferência política", afirmou.
De acordo com Moro, desde o segundo semestre de 2019, havia uma insistência do presidente na troca do diretor-geral da PF. "Sempre disse que não tinha problema em trocar, mas precisava de uma causa, que poderia ser relacionada a insuficiência de desempenho, ou algo do tipo. Não é a questão do nome, até porque tem outros bons nomes para assumir o cargo de diretor da Polícia Federal. O grande problema de realizar essa troca é que haveria uma violação num acordo que foi feito e ficaria claro que estava havendo uma interferência política na Polícia Federal", disse.
No pronunciamento, o ex-ministro disse que procurou conversar com o presidente, mas que não podia concordar com interferência política externa. "Dialoguei com o presidente, busquei postergar essa decisão, as vezes até sinalizando que poderia concordar no futuro. Mas sempre dizendo que poderia ser um grande equívoco em realizar essas substituições. Ontem conversei com o presidente, disse que seria uma interferência política e ele reconheceu que seria mesmo. Não tenho como persistir sem condições de preservar a autonomia da Polícia Federal ou sendo forçado a concordar com interferência política", afirmou.
Moro também relembrou os acordos que foram firmados com o presidente Bolsonaro para que pudesse aceitar o cargo de ministro da Justiça. “No final de 2018, eu recebi o convite do então eleito presidente da República, Jair Bolsonaro, para ser ministro da Justiça e da Segurança Pública. O que foi acordado entre a gente é que teríamos uma atenção especial no combate à corrupção, violência, ao crime organizado (...) Inclusive foi me prometido carta branca para nomear os cargos da Polícia Federal e outros órgãos.O presidente concordou e até falou publicamente que me daria carta branca”.
Moro avaliou que a interferência política de Bolsonaro geraria um abalo na credibilidade da Polícia Federal, isso porque Bolsonaro tinha planos de trocar a superintendência da PF no Rio de Janeiro e também em Pernambuco. "Isso geraria um abalo de credibilidade. Não minha, mas minha também, e do governo. Geraria desorganização. Não aconteceu durante a Lava Jato, a despeito dos problemas de corrupção dos governos anteriores. O problema é que nas conversas com o presidente, havia intenção de trocar também superintendentes. Não só o diretor-geral. No Rio, em Pernambuco, sem que me fosse apresentado uma razão ou uma causa para essas substituições", disse Sergio Moro.
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