Em entrevista à Rádio Jornal nesta terça-feira (12), o neurocirurgião Paulo Brainer afirmou que as tensões como ansiedade e depressão causadas pelo distanciamento social - medida mais eficaz no combate à proliferação do novo coronavírus - pode mexer profundamente com os neurônios do ser humano.
"Os neurônios morrem pelo envelhecimento. Nossa evolução mostra que existe uma morte de neurônios a partir dos 20 ou 22 anos de idade e substituição de outros dependendo de como são as suas atividades no dia a dia. O que pode piorar é a ansiedade, a depressão, o isolamento. Tudo isso que a gente vê e percebe que está aumentando nesse período de quarentena”, esclareceu.
Diante da situação, o médico alerta para que as pessoas procurem viver um dia de cada vez. “Pensar no dia de hoje como alguns requisitos, ou seja, um desafio. Pensar que você nunca participou de um projeto de solidariedade e agora vai ajudar a fabricar máscaras, participar de grupos que preparam refeições... Quem tiver medo de ir entregar, ajuda em casa, preparando a refeição. Não devemos pensar quanto tempo vai durar e sim o que podemos fazer hoje para o dia ser melhor. É aprender alguma coisa nova, aquela coisa simples que a gente sempre quis e nunca teve tempo”, indicou Brainer.
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O neurocirurgião também explicou a situação clínica do comentarista Maciel Junior, que passou 20 dias entubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por complicações da Covid-19. "A saída desse respirador traz algumas mudanças. Hoje, com a tecnologia disponível, essas mudanças são muito pequenas e muitas vezes não percebidas. Quando não existe agressão direta do vírus ao cérebro, que no caso o vírus ataca o pulmão, e a pessoa recebe assistência respiratória de qualidade, com equipe médica, de enfermagem e de fisioterapia, a pessoa vai passar por isso muito bem. Maciel Júnior vai voltar melhor do tava".
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Brainer ainda elogiou o trabalho incansável que os profissionais de saúde vem desempenhando no combate ao coronavírus. Segundo o especialista, a pandemia do novo coronavírus evidenciou os reais valores que importam para a sociedade.
“Eles tem um valor inestimável para a manutenção da nossa estabilidade. São valores que mudam. As pessoas que tinham um muro alto e um carro blindado estavam protegidos, agora essa quarentena vem mostrando que os valores como a solidariedade e o conjunto são extremamentes valiosas. O entregador de comida, a enfermeira e o enfermeiro, que são grandes heróis na luta contra o coronavírus. É muito importante esse reconhecimento porque pesquisas mostram que as pessoas que estão precisando sair para trabalhar fora é o grupo que está mais sofrendo”, finalizou o neurocirurgião Paulo Brainer.
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