Após polêmica, OMS esclarece que assintomáticos podem transmitir covid-19

"Sabemos que pessoas que não tem sintomas podem transmitir o vírus", reiterou a responsável técnica pelo time de combate à covid-19 da OMS
Com informações da Agência Brasil
Publicado em 09/06/2020 às 15:01
Novo coronavírus já foi detectado em mais de 2 mil pessoas em Pernambuco Foto: Pixabay


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Após afirmar que a contaminação a partir de pessoas assintomáticas seria “rara”, a infectologista Maria Van Kerkhove - responsável técnica pelo time de combate à covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS) - esclareceu nesta terça-feira (9), em uma entrevista especial, que houve um mal-entendido sobre a fala.

“Recebi muitas mensagens pedindo esclarecimentos sobre alguns argumentos que usei ontem durante a coletiva de imprensa. Acho importante esclarecer alguns mal-entendidos sobre minha fala de ontem. O que sabemos sobre transmissão é que [das] pessoas que estão infectadas com covid-19, muitas desenvolvem sintomas. Mas muitas não. A maior parte da transmissão conhecida vem de pessoas que apresentam sintomas do vírus e passam para outras através de gotículas infectadas. Mas há um subgrupo de pessoas que não desenvolvem sintomas. E para entender verdadeiramente esse grupo, não temos uma resposta concreta ainda. Há estimativas de que o número gire entre 6 a 41% da população. Mas sabemos que pessoas que não tem sintomas podem transmitir o vírus”, reiterou.

A médica fez questão, ainda, de frisar que há diferenças entre “pré-sintomáticos” - aqueles indivíduos que foram infectados, mas que ainda estão na fase de incubação do vírus - e “assintomáticos” - os indivíduos que, apesar de infectados por um período mais longo de tempo, não desenvolveram nenhum sintoma clássico da doença.

“O que fiz referência ontem, durante a coletiva de imprensa, foi a poucos estudos, dois ou três, que foram publicados e tentaram seguir casos assintomáticos. Eu estava apenas respondendo a uma pergunta [feita por jornalistas], não estava declarando qualquer mudança de abordagem da OMS. Nisso, usei a frase ‘muito rara’, mas isso não quer dizer que a transmissão vinda de pessoas assintomáticas seja ‘muito rara’ globalmente”, argumentou.

Foco prático

Segundo Mike Ryan, médico epidemiologista especializado em doenças infecciosas e diretor-executivo do programa de emergências da OMS, há um foco em ações práticas que diminuam os números de mortos e infectados por covid-19 em escala global. “Estamos tentando entender o que impulsiona a transmissão comunitária. Queremos salvar vidas. Quando damos conselhos sobre estratégias amplas de como controlar a doença, estamos focando em identificar os casos, acompanhar a trajetória [da infecção], testar esses casos e garantir que haja quarentena.”

O médico voltou a assegurar o entendimento da questão que, segundo a OMS, foi publicada por veículos de todo o mundo e gerou controvérsias sobre o papel do isolamento social e da quarentena. “Qualquer que seja a proporção de transmissão a partir de indivíduos assintomáticos - e esse número é desconhecido -, ela [a transmissão] está ocorrendo. Estamos convencidos disso. A questão é o quanto".

Infectologista comenta declaração da OMS

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Na avaliação do infectologista Gabriel Serrano, Maria Van Kerkhove se expressou mal. No entanto, na avaliação dele, é importante respeitar a Organização Mundial da Saúde (OMS) pois é "a instituição mais importante do mundo no tema saúde".

"Eu acho que ela se expressou mal. Ela quis tentar diferenciar os pacientes pré-sintomáticos dos assintomáticos e isso acabou trazendo uma certa confusão. O que ela quis dizer é que você tem aqueles pacientes que não vão ter sintomas em momento nenhum e você vai ter aqueles que vão ter sintomas, mas que antes disso eles não sentem nada e já transmitem [o coronavírus]", comentou o infectologista.

O especialista ainda lembrou que o estudo citado pela infectologista da OMS foi realizado em país com alta testagem, uma das principais medidas para entender a situação da pandemia. "O estudo que ela se referiu foi realizado em países onde se testava muito. Ou seja, você tinha como saber que a pessoa tinha a infecção pelo coronavírus antes mesmo dela apresentar sintomas. Não chega nem perto do que temos no Brasil. Nós somos o segundo país com maior número de casos, atualmente somos o epicentro, é o país que mais tem casos por dia mas a gente não chega nem perto dos exames realizados. A gente está depois do 100º lugar (...) Falta programação para aumentar o número de exames por isso é muito importante no combate necessário ao coronavírus", comentou.

Ele reforça que é importante manter as medidas de isolamento social para impedir a infecção. "A gente precisa manter o isolamento, o uso de máscara e respeitar as medidas de higiene. São as únicas maneiras palpáveis que gente tem contra a transmissão viral", afirmou.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização.
  • Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
  • Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

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