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MEC: decreto anula nomeação de Decotelli menos de uma semana após anúncio como novo ministro

Carlos Alberto Decotelli pediu demissão nesta terça-feira (30) após várias polêmicas envolvendo os títulos apresentados por ele no currículo Lattes

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 01/07/2020 às 7:43
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FOTO: Reprodução/ Facebook

O Diário Oficial da União (DOU) publicou nesta quarta-feira (1º) decreto tornando sem efeito o decreto de 25 de junho de 2020, publicado no mesmo dia, em edição no Diário Oficial da União, nomeando Carlos Alberto Decotelli da Silva para o cargo de ministro da Educação.

Em menos de uma semana, a nomeação de Decotelli para substituir Abraham Weintraub foi repleta de polêmicas com relação ao currículo Lattes. Ele foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro, mas não chegou a tomar posse.

Depois que instituições de ensino contestaram títulos que tinham sido apresentados por ele, na segunda-feira (29), ele foi chamado ao Palácio do Planalto para dar explicações ao presidente Jair Bolsonaro. Sua nomeação havia sido publicada na quinta-feira (25), mas após as inconsistências reveladas, a permanência dele como ministro da Educação ficou insustentável. Carlos Alberto Decotelli pediu demissão nesta terça-feira (30).

Currículo Lattes e as polêmicas

Carlos Alberto Decotelli foi anunciado como "doutor pela Universidade do Rosário, na Argentina e pós-doutor na Universidade de Wuppertal, na Alemanha". No entanto, um dia depois, o título de doutor foi contestado pelo reitor da Universidade Nacional de Rosário, Franco Bartolacci. O reitor da Universidade Nacional de Rosario, Franco Bartolacci, revelou que "o senhor Carlos Decotelli cursou o doutorado em administração da Faculdade de Ciências Econômicas e Estatísticas da Universidade Nacional de Rosário, mas não o concluiu. Não completou todos os requisitos que são exigidos pela nossa regulamentação de doutorado, que exige a aprovação de uma tese final para obter o título de doutor. Portanto, não é doutor pela Universidade Nacional de Rosário".

No currículo Lattes de Decotelli, ele também afirmava ter feito um pós-doutorado na Bergische Universität Wuppertal, na Alemanha. Mas, nesta segunda (29), a Wuppertal informou que o ministro não obteve nenhum título durante o tempo que ficou na universidade alemã. A universidade afirma que Decotelli teria passado apenas três meses na instituição, começando em 2 de janeiro de 2016, mas não obteve nenhum título durante a estadia. Após a manifestação, Decotelli excluiu referência a curso de pós-doutorado no seu currículo.

Já no sábado (26), o economista Thomas Conti apontou nas redes sociais possíveis indícios de plágio na dissertação de Decotelli, citando trechos do texto dele que são idênticos a um relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Mobiliários. A revelação levou a FGV a abrir uma apuração interna para verificar se houve plágio.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) enviou uma representação à Corte pedindo investigações sobre 'possíveis prejuízos' aos cofres públicos na nomeação de Carlos Alberto Decotelli para o Ministério da Educação (MEC) e o período em que teria cursado, mas não concluído, o doutorado na Argentina.