O Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros Cisam), no bairro da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife, amanheceu, nesta terça-feira (18), com cartazes fixados nas paredes da unidade de saúde em solidariedade à menina de 10 que foi submetida a um aborto após uma gravidez resultante de estupros que sofria há anos pelo tio. A manifestação também contempla a equipe profissional, que foi alvo de críticas de radicais conservadores. O ato foi realizado pela União Brasileira de Mulheres (UBM) junto com estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
O caso aconteceu no Espírito Santo, mas diante da recusa dos profissionais de saúde daquele Estado em realizarem o procedimento a criança foi transferida para a capital pernambucana.
A menina segue internada no Cisam e, de acordo com os médicos, o estado de saúde dela é considerado bom. Por questão de segurança a direção da unidade não divulgou o horário que ela irá ter alta.
A diretora da UBM, Laleska dos Santos , explicou o que motivou o ato. “Ele surgiu da inquietação após o ocorrido no último domingo. A gente ficou muito incomodada com a irresponsabilidade de algumas pessoas terem vindo aqui hostilizar a menina e a equipe médica. A gente trouxe aqui um ato de solidariedade, de apoio para dizer que eles não estão sozinhos. A gente admira a decisão do hospital, de ter acolhido essa menina em um momento tão complicado. Então a gente veio solidarizar”, relatou.
Laleska ainda disse que além dos balões outros presentes foram levados ao hospital.
“A gente trouxe um ursinho de pelúcia para a menina, para simbolizar que ela possa viver sua infância. Uma infância tão dura. Trouxe também um presente para a família, para as pessoas que estão junto a ela, e uma carta para equipe profissional de saúde, dizendo que a gente se coloca contra e repudia muito o que foi feito no último domingo aqui e que podem contar com a UBM pela luta e defesa das mulheres do nosso Brasil”, acrescentou, lembrando o episódio do domingo quando dezenas de manifestantes foram para frente do Cisam rezar e protestar contra o aborto que seria realizado na criança.
Ouça a reportagem de Leonardo Vasconcelos: