MOBILIDADE

'No mundo todo é assim', diz presidente da Urbana-PE sobre retirada de cobradores de ônibus

Rodoviários protestaram, nesta segunda-feira (21), contra a retirada dos cobradores dos ônibus da Região Metropolitana do Recife

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 21/09/2020 às 15:43
Acervo/ JC Imagem
FOTO: Acervo/ JC Imagem

Em resposta ao protesto realizado pelos rodoviários na manhã desta segunda-feira (27), na área central do Recife, o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE), Fernando Bandeira, disse que “a grande maioria das capitais brasileiras não há necessidade mais do cobrador”. Ele ainda afirmou que "no mundo todo é assim".

Os trabalhadores cruzaram os braços em protesto contra a demissão em massa de cobradores e a adoção da dupla função para motoristas que agora precisam dirigir e tirar as passagens dos passageiros que pagam em dinheiro.

“A grande maioria das capitais brasileiras não há necessidade mais do cobrador. Vamos aproveitar ele em outras funções, como fiscal, para ser motorista, para ser escriturário. É isso que estamos fazendo”, garantiu.

Segundo ele, a população ganhará, pois a saída do cobrador vai impactar na redução do custo. "O cobrador quando está trabalhando tem um custo. Vai tirar esse custo da tabela tarifária. Esse é o ganho. Hoje você tem toda uma bilhetagem que não mais necessidade do cobrador (...) Você não pode impedir a modernidade. Vai manter o cobrador sendo tudo eletrônico? Não há coerência. No mundo todo é assim: sem cobrador", comentou.

De acordo com dados levantados pela coluna Mobilidade do JC, já são 267 linhas de ônibus operando sem o cobrador na Região Metropolitana do Recife. Antes da pandemia, quando a retirada dos profissionais tinha sido retomada após liberação do governo, o processo já estava em plena execução, mas o ritmo era menor e havia critérios técnicos. As linhas tinham que ter baixo número de pagamento em dinheiro por viagem. A maior parte delas, inclusive, tinha uma média de zero a sete passageiros pagantes em dinheiro. Em outras, essa demanda oscilava entre oito e 11 passageiros pagantes em espécie. Mesmo assim, o sistema já acumulava 205 das 399 linhas sem o profissional.

Na crise sanitária e por causa dela, a operação sem os cobradores foi ampliada de 50% para 70%. Um comparativo com o ano passado revela a agilidade na exclusão dos profissionais do sistema. Em maio de 2019, eram 58 linhas sem cobrador. Até o dia 5 de novembro o total chegou a 126.

Protesto

A mobilização começou antes das 8h. Os rodoviários protestaram contra a dupla função dos motoristas e pediram a reintegração dos demitidos. O protesto dos rodoviários durou cerca de cinco horas e terminou no início da tarde desta segunda-feira. A categoria, no entanto, não descarta novas mobilizações.

O presidente da Urbana-PE critica a manifestação. “Para fazer qualquer paralisação tem que garantir uma frota mínima e avisar com 72 horas. Não é desta maneira que se faz um protesto. Eu não sou contra greve. Faça greve, avise, coloque frota mínima. Agora, ir para o meio da rua, parar os ônibus e deixar os passageiros a pé é um absurdo. E se você olhar pelas fotos e vídeos, tem dez, 15 pessoas”, disse.