Uma nova mutação do novo coronavírus descoberta em estudo realizado por universidades da Suíça, está atingindo boa parte dos países da europa, que vive hoje a segunda onda da covid-19. Chamada de 20A.EU1, a nova linhagem do vírus teria surgido entre trabalhadores agrícolas no nordeste da Espanha, onde foi registrada pela primeira vez em junho deste ano. Para o biólogo e PhD em microbiologia do Instituto Questão de Ciência (ICQ), Luiz Almeida, a identificação de nova mutação não significa que tenha surgido um novo vírus.
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“Nem sempre essas mutações vão fazer com que o vírus seja um novo vírus, que ele fique modificado, ele seja mais virulento, menos virulento, mais transmissível ou menos transmissível (...) Nessa daí que a gente está vendo do estudo europeu (...) o que aconteceu é que eles viram uma mutação que é mais recorrente do que as outras”, disse.
O biólogo destaca que a nova mutação do vírus pode não ter relação com a segunda onda da covid-19 percebida na continente europeu. Para ele, as condições epidemiológicas do vírus e a relação das pessoas com a pandemia é o que têm contribuído para que isso aconteça.
“Lá, na europa, a gente tem que lembrar que os voos começaram a ser liberados de novo. o pessoal está andando mais fora de casa do que no começo da pandemia (...) pode ser um fator epidemiológico, mesmo, do vírus (...) As pessoas estão viajando mais, e que isso pode ter causado a expansão dessa linhagem específica do vírus”, destacou.
Segunda onda deve chegar ao Brasil
O especialista diz que o Brasil ainda vive a primeira onda da doença, que só começou diminuir os registros de óbitos para a covid-19 recentemente. Ele acredita que o que acontece na Europa, hoje, certamente é uma previsão para um cenário futuro no país.
“A gente ficou muito tempo naquele platô. Que a gente ficou naquela primeira onda e ficou lá em cima. Em vez de ela baixar, ela continuou muito alta (...) agora é que a gente está começando a diminuir esses casos de mortes aqui no Brasil. Sempre o que acontece na Europa e Ásia, é uma previsão de futuro do que deve estar acontecendo aqui (...), então provavelmente essa segunda onda vai se repetir aqui no Brasil, explicou.
Imunidade
Um estudo publicado na Revista Science revelou que a imunidade das pessoas que já tiveram a covid-19 pode durar até cinco meses. E mesmo com a queda no número de anticorpos percebida no levantamento, alguns desses anticorpos persistem nos organismos das pessoas. Para Luiz Almeida, a imunidade após a primeira infecção é uma realidade provável.
“Aparentemente, o coronavírus ele se comporta como um vírus normal. Que a gente desenvolve essa imunidade, os anticorpos ficam lá, persistentes, por bastante tempo (...) Então era só uma questão, o que parece ser agora, de a gente não estar conseguindo detectar esses anticorpos nas pessoas (...) Então, provavelmente, as pessoas, sim, vão ficar imunes ao coronavírus depois que pegar uma vez”, comentou.