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O caso de um bebê recém-nascido diagnosticado com a presença de anticorpos contra a covid-19, na Espanha, no dia 23 de outubro, chamou a atenção do mundo. A mãe da criança havia sido infectada pelo novo coronavírus durante a gestação e a criança, que nasceu no Hospital Universitário San Jorge de Huesca, foi submetida a um teste de PCR após a família suspeitar que o bebê estava com covid-19. O resultado deu negativo para Covid-19, após ser respeitado o protocolo de 48h. O presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Marco Aurélio Sáfadi, comenta que a situação já era esperada, mas pede cautela na análise do caso.
“A gente tem que interpretar com cautela esses resultados (...) Detectar anticorpos num recém-nascido de uma mãe que já teve a covid-19, até certo ponto, é algo esperado. Não há nenhuma surpresa nesse resultado. Boa parte desses casos se deve, na realidade, à transmissão dos anticorpos através da placenta. Isso é um fenômeno excessivamente conhecido para diversas outras infecções. Não entendemos que seja diferente para a covid-19. O fato de a mãe desenvolver a doença faz com que a ela produza anticorpos, esses anticorpos atravessem a placenta durante a gestação e o neném nasce com esses anticorpos. Durante o primeiro ano de vida, a tendência, caso ele [o recém-nascido] não tenha sido infectado pelo vírus dentro do útero, é que esses anticorpos desaparecem e ele ficará sujeito à infecção pelo novo coronavírus como qualquer um de nós que não teve a doença”, detalhou o especialista.
Segundo Sáfadi, ainda são raros os casos em que fetos são infectados pela covid-19. “Existe uma possibilidade, isso sim mais raro, do bebê se infectar dentro do útero. Nesse caso, esses anticorpos do bebê seriam fruto não da mãe, mas produzidos pelo próprio bebê”, explicou.
Risco da covid-19 afetar bebê é pequeno
O médico lembrou do impacto nos fetos de gestantes infectadas pelo Zika vírus e disse que essa é a grande preocupação dos especialistas com relação às grávidas com a covid-19. “A grande preocupação desses casos da mãe durante a gestação é exatamente essa infecção ser acompanhada de anomalias no feto. Uma infecção que é devastadora nesse sentido é a Zika, que traz consequências realmente desastrosas para o bebê dentro do útero, com alterações neurológicas, entre outras. Depois de milhões de casos descritos da covid-19, os relatos de alterações de bebês ao nascer ainda são raros e anedóticos. Isso é, sim, positivo. E mostra que essa infecção [pelo novo coronavírus], se existe o risco, ele é muito pequeno, de causar impactos ao bebê dentro do útero”, concluiu.
Confira a entrevista completa: