JUSTIÇA

CASO TAMARINEIRA: Motorista João Victor Ribeiro é condenado em júri popular; Veja detalhes da condenação

João Victor Ribeiro de Oliveira foi o responsável pela colisão que matou três pessoas e deixou duas feridas no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife, em 2017

Adige Silva Com informações do JC
Adige Silva
Com informações do JC
Publicado em 17/03/2022 às 22:29 | Atualizado em 18/03/2022 às 9:24
Alexandre Aroeira / Jc Imagem
Julgamento do caso do acidente no Bairro da Tamarineira- Fórum Joana Bezerra.// Na Foto: Réu João Victor Ribeiro. - FOTO: Alexandre Aroeira / Jc Imagem

Após três dias de julgamento, o réu João Victor Ribeiro de Oliveira, 29, motorista que matou três pessoas, foi considerado culpado pelo Júri Popular.  O caso aconteceu em novembro de 2017.

A sentença foi lida  pela juíza Fernanda Moura de Carvalho, titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, na noite desta quinta-feira (17). "A culpabilidade do acusado foi extrema", externou a magistrada.

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De quanto será a pena?

A pena será de 29 anos, quatro meses e 24 dias de prisão em regime fechado. O julgamento aconteceu no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na área central do Recife. 

O réu foi condenado à prisão pelos crimes de triplo homicídio doloso duplamente qualificado e por dupla tentativa de homicídio. A defesa pode recorrer da decisão em segunda instância.

Terceiro dia de julgamento

O terceiro dia do julgamento começou com o interrogatório do réu. Por decisão dele, a acusação - liderada pelo Ministério Público - não pode fazer perguntas. Apenas a magistrada e os advogados de defesa fizeram os questionamentos.

"Não tenho medo de assumir a minha responsabilidade hoje, antes eu tinha. Hoje, não", disse João. O réu contou sobre os empregos que teve, seja como representante comercial, seja como supervisor de obras na empresa do pai. "Com dinheiro, comecei a frequentar bares, virar a noite, usar cocaína novamente com frequência. Comprei um palio vermelho e comecei a trabalhar, trabalhar, usando cocaína, bebendo, mentindo, dizendo que estava em casa de namorada, mas com estava com outras pessoas usando droga", disse.

Apaixonado por carros, ele trocou de veículos e muitas vezes teve esses tomados pelo pai, por envolvimento com drogas. Logo depois de um tempo, segundo ele, a confiança era retomada e ele voltava a dirigir. A ida e vinda de internações também aconteceu, por conta de recaída no álcool. "Me acostumei a tomar cerveja com caldinho, depois dose de alcatrão com mel e limão e cachaça e onde tivesse álcool eu ia colocando na boca e depois de bêbado só queria cheirar pó. Ia atrás de cocaína".

Sobre o dia da colisão, João Victor narrou que tudo começou com um chamado do amigo, Matheus Peixoto, para fumar um cigarro de maconha. "Nos encontramos em Zé Perninha (bar em Olinda), ele pediu uma cerveja, uma Itaipava, nunca tinha tomado Itaipava, estava cinza, gelada, tomei um copo, não estava bebendo, mas tomei um gole depois do outro. Não tenho vergonha de dizer que estou errado, enfatizo isso porque sei que estou errado, sei que eu errei beber e dirigir é errado", disse. "Esse dia para mim jamais será esquecido", completou.

No fim da tarde, após beber todo o dia, eles seguiram para Casa Forte e, segundo João, houve uso de maconha no carro no caminho. "Comi dois pães de alho, acordei preso na algema, na cadeira de rodas entrando num hospital, e quando olhei para a frente, um mundo de gente, e meu pai", disse ele explicando que não lembra de nada sobre a colisão.

"Eu ocorri em acidente trágico, morreram duas mulheres, uma criança, ficou um homem vivo, um pai de família, uma criança sequelada, e eu sinto hoje que sou condenado pro resto da minha vida, tendo cadeia ou não. Só sendo psicopata para viver com a mente tranquila sabendo que destruí famílias. Fiquei mais de 20 dias sem comer pensando no que aconteceu", concluiu João.

AS PROVAS

FELIPE RIBEIRO / ACERVO JC IMAGEM
A expectativa é grande para o júri popular que pode condenar João Victor Ribeiro de Oliveira, motorista apontado como o responsável pela colisão que deixou três pessoas mortas e duas gravemente feridas no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife. - FELIPE RIBEIRO / ACERVO JC IMAGEM

O carro conduzido por João Victor bateu contra o veículo que era dirigido pelo advogado Miguel Arruda da Mota Silveira Filho, no cruzamento da Avenida Rosa e Silva com a Rua Cônego Barata.

Morreram na colisão a esposa do advogado, Maria Emília Guimarães da Mota Silveira, o filho do casal, Miguel Arruda da Motta Silveira Neto, e a babá Roseane Maria de Brito Souza, que estava grávida. Além do advogado, a filha dele, Marcela Guimarães da Motta Silveira, sobreviveu.

A perícia do Instituto de Criminalística constatou que João Victor estava a 108 km/h, quando o máximo permitido na via era de 60 km/h. Ele também avançou o sinal vermelho. Já o carro de Miguel estava a uma velocidade de 30 km/h e o sinal estava aberto para ele.

O teste de alcoolemia feito no réu registrou nível de 1,03 miligrama de álcool por litro de ar, três vezes superior ao limite permitido por lei. Desde então, ele permaneceu preso.

 

FELIPE RIBEIRO / ACERVO JC IMAGEM
TRAGÉDIA Motorista condenado estava bêbado e em alta velocidade - FOTO:FELIPE RIBEIRO / ACERVO JC IMAGEM
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Julgamento no Recife do motorista responsável pela colisão que deixou três pessoas mortas na Tamarineira, em 2017 - FOTO:BERG ALVES / JC IMAGEM