No mural de suas redes sociais, declarações de uma saudade criada instantaneamente no peito dos colegas de trabalho, familiares e admiradores. A advocacia pernambucana perdeu nesta sexta-feira (20) Gilberto Marques, aos 64 anos, vítima de uma parada cardíaca.
O advogado passou mal em sua residência e chegou ao Real Hospital Português, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, em estado de reanimação, mas o procedimento não obteve sucesso.
Criminalista por vocação, Gilberto foi peça chave em diversos casos de renome no estado e no Brasil, como o ‘Escândalo da Mandioca’, Caso Serrambi e Mirella Sena.
Gilberto Marques deixa cinco filhos e sua esposa, Flávia Sarmento. Segundo amigos próximos, ele tinha como princípios básicos a ética e a defesa dos direitos humanos.
O primeiro emprego de Paulo César, que era então um jovem de apenas 24 anos, foi ao lado de Gilberto. "Ele foi meu grande mestre. Com Gilberto, aprendi a trabalhar na advocacia comprometido com os princípios da justiça e da democracia", conta o amigo próximo e ex-sócio do advogado.
Gilberto Sarmento Marques, filho do criminalista, também escolheu os caminhos do Poder Judiciário por inspiração do pai. Segundo o advogado, no criminalista havia 'paixão' pelo ofício.
Gilberto Marques participou da solução do caso conhecido como 'Escândalo da Mandioca', que ocorreu entre os anos de 1979 e 1981 na agência do Banco do Brasil de Floresta, resultando no desvio de Cr$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 20 milhões em valores atuais) do Proagro — programa de incentivo agrícola criado pelo governo federal em 1973.
O golpe consistia na obtenção de documentos falsos para conseguir créditos agrícolas para o plantio de mandioca, feijão, cebola, melão e melancia em propriedades fictícias, e por agricultores fantasmas. Em seguida, os envolvidos alegavam que a seca destruiu as plantações, para que o Proagro ainda pagasse o seguro, item também previsto no programa governamental.
A fraude contou com a participação de funcionários do Banco do Brasil, incluídos gerentes e fiscais da carteira agrícola, um deputado estadual e um major da Polícia Militar, dentre outros envolvidos. Segundo as investigações, o dinheiro era utilizado na compra de carros, casas, terrenos, fazendas, viagens, entre outros.
O Ministério Público Federal denunciou, à época, 24 pessoas pelos crimes de peculato, corrupção ativa e corrupção passiva, entre elas o então Major Ferreira, condenado pelo assassinato do procurador da República Pedro Jorge de Melo, que ofereceu as denúncias e cobrou apuração do caso. No julgamento do major Ferreira, Gilberto Marques saiu do fórum como um grande criminalista.
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