Mexe com Tudo prova que o frevo é para todos os corpos

A T.C.M. Mexe com Tudo desfila pela primeira vez no próximo domingo (1º), com concentração marcada para as 15h30, no Marco Zero
Por Ísis Lima
Publicado em 28/11/2019 às 18:13
TCM Mexe com Tudo utiliza o frevo cinquentão como estilo de dança Foto: Marina Amorim/ Divulgação


De um lado, uma chipanzé paqueradora. Do outro, uma la ursa com nacionalidade duvidosa. Entre as duas, um sapão elegante. E para unir essas figuras mascaradas: o frevo. O genuíno estilo pernambucano e marca registrada do carnaval local. Todos esses personagens fazem parte da T.C.M. Mexe com Tudo, que desfila pela primeira vez no próximo domingo (1º), com concentração marcada para às 15h30, no Marco Zero, no bairro do Recife.

E se engana quem pensa que essa é mais uma Troça Carnavalesca Mista. No caso do grupo, como define o idealizador do Mexe com Tudo, o professor e passista Otávio Bastos, essa é a Trupe (ou amontoado de gente) Carnavalesca (ou de pouquíssimo juízo) Mascarada. A TCM surgiu a partir das aulas de frevo ministradas por ele.

Otávio Bastos, explica que esse é um projeto educacional com vários braços. “Seja no Instagram, Youtube, nas aulas presenciais e agora com a TCM Mexe com Tudo”, disse. Nas duas redes sociais, ele mostra curiosidades sobre o frevo, o carnaval e o próprio trabalho desenvolvido por ele.

O estilo diferente de dança é batizado de ‘cinquentão’. “O principal objetivo é que você encontre prazer no seu próprio corpo dançando. Grande parte das vezes, a gente é criado para o olho do outro”, apontou Otávio Bastos, que começou a dançar aos 16 anos após um problema de saúde impedi-lo de seguir uma possível carreira como jogador de basquete. “Ao invés de dançar para o olho do outro, é encontrar no próprio corpo o prazer dançando. E eu acho que essa linha rege todas as ações do Mexe com Tudo”, complementou.

O próprio Otávio Bastos é a prova de que a dança é para todos os corpos. Com 1,93m, a altura sempre impressiona. Mas bastam alguns segundos de música para perceber que o frevo corre em suas veias e nos seus calçados tamanho 45.

“Quando eu comecei a dançar, eu já era totalmente diferente de todas as pessoas que dançavam frevo na época. Todo mundo muito mais baixo, forte e ágil e eu magrelo e gigantesco. O meu mestre do frevo, que é Nascimento do Passo, dizia que eu me aproximava mais da ideia do frevo ‘cinquentão’, que é essa pessoa que não salta tanto, não vai tanto para o chão, mas que dança o frevo a partir da ‘munganga’. A partir disso eu passei a desenvolver essa técnica e ainda estou fazendo até hoje. Depois da ideia do ‘cinquentão’, nasceu o Mexe com Tudo”, contou.

Segundo Otávio, a máscara é um elemento utilizado para ajudar os 16 integrantes a se revelarem. “As pessoas, muitas vezes, têm vergonha de dançar porque não se acham suficientemente altas, magras, gordas, o que seja. E elas não dançam por vergonha. A ideia da máscara parece que é para esconder, mas, na verdade, é para revelar. Quando a gente usa uma máscara, a gente dança de uma forma que geralmente não dançaria. Com a máscara, a gente hipertrofia algumas coisas, se permite brincar”, explicou.

Serviço

O que: Desfile da TCM Mexe com Tudo com a Orquestra Paranampuká

Quando: Domingo (1º/12), às 15h30

Onde: Marco Zero, Recife Antigo

Quanto: Gratuito

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