O afrouxamento das medidas de isolamento social e o plano gradual de reabertura do comércio em Pernambuco estão sendo vistos por especialistas com preocupação por causa do número de casos de coronavírus e de mortes pela doença no estado. Em entrevista ao Passando a Limpo desta terça-feira, os professores Jones Albuquerque e Gauss Cordeiro, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), afirmaram que a taxa de óbitos por covid-19, mesmo com uma estabilização da curva, ainda é alta.
“Pernambuco está contribuindo com 8.5% e 9.5 % das mortes do país, apesar de ter somente 4% da população total. Então, isso é agravante porque Pernambuco entra para os estados perigosos, como Ceará, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Amazonas”, afirmou afirmou Gauss, que é professor do departamento de Estatística da UFPE.
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado na terça-feira (1º) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Pernambuco conta com 2.875 mortes pela Covid- 19 e totaliza 34.900 casos já confirmados, sendo 14.535 graves e 20.365 leves.
“Sim, a gente está mostrando um cenário de estabilização de óbitos, realmente, de um número de óbitos, da quantidade de demanda por leitos de UTI nos hospitais privados, mas ainda não é momento de voltar às nossas atividades corriqueiras. Os gráficos nos mostram que a gente ainda está muito próximo do limiar”, afirmou Jones Albuquerque, que é cientista do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) da UFPE.
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No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, o coronavírus já conta com mais de 525 mil casos e mais de 29 mil mortes.
Gauss Cordeiro afirmou que, quando participou do Passando a Limpo no dia 29, em que falou do pico de mortes no Brasil, recebeu muitas perguntas com relação às chances de recuperação de uma pessoa que se infecte com a covid-19.
“Uma pessoa infectada tem uma chance média de 98% de se recuperar. O risco médio de óbito é 2%. Obviamente pode ser maior por conta da idade do indivíduo infectado e de morbidades que ele apresenta; 80% dos infectados não apresentam sintomas além de uma gripe, então a gente tem que se preocupar com os 20%, que se tornam sintomáticos e vão para as unidades de saúde e aí a preocupação com as filas nos leitos de UTI. Sobre o tempo de recuperação de um paciente que vai para uma unidade hospitalar, esse tempo é bem preciso. Eu peguei dados de vários locais e estimei um intervalo de 95% confiança entre 23 e 29 dias. Ou seja, dificilmente ele passa mais de um mês se recuperando. Agora, o tempo para o óbito é muito amplo por conta das morbidades e da grande variabilidade de idade. Esse tempo, quando você faz um intervalo de confiança, dá entre 15 e 62 dias de tempo para o óbito. Obviamente, pacientes mais resistentes vão demorar a morrer.”
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