INVESTIGAÇÃO

Caso Miguel: manicure que estava com Sarí presta depoimento

Expectativa agora é para depoimento de Sarí Corte Real; segundo seu advogado, ela está pronta para falar com a polícia

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 12/06/2020 às 14:55
Reprodução/ Redes Sociais
FOTO: Reprodução/ Redes Sociais

A manicure que estava no apartamento com Sarí Gaspar Corte Real no momento em que a mulher deixou Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, sozinho no elevador, prestou depoimento à polícia na Delegacia de Santo Amaro, nesta sexta-feira (12). A criança caiu após sair do elevador e acessar o nono andar de um dos prédios do Condomínio Píer Maurício de Nassau, conhecido como "Torres Gêmeas", no bairro de São José, área central do Recife. A tragédia, que ganhou repercussão nacional, aconteceu no dia 2 de junho.

A manicure Eliane Lopes chegou no carro com dois advogados, não parou para falar com a imprensa, mas disse que só podia falar sobre o caso após ser convocada pela polícia.

Segundo a polícia, a manicure chorou muito dentro da delegacia e parecia estar muito abalada.

Irineu Pereira, um dos advogados da manicure, falou sobre a situação da cliente. “Ela é manicure, não estava presente em todos os momentos do ocorrido. Ela se manteve o tempo todo dentro do apartamento”, disse.

Também há expectativa para o novo depoimento de Sarí Gaspar Corte Real. Ela foi autuada em flagrante por homicídio culposo, pagou fiança no valor de R$ 20 mil e responderá em liberdade. No dia do acidente, ela preferiu ficar em silêncio, mas segundo seu advogado, ela já está pronta para falar, o que é esperado para acontecer ainda nesta sexta-feira.

Além da manicure Eliane, o gerente de operações do condomínio, Thomas Silva, também prestou depoimento ao delegado Ramón Teixeira, responsável pelas investigações, nesta sexta-feira.

Thomas chegou por volta das 7h45 e seu depoimento levou cerca de duas horas. Questionado sobre a segurança do prédio, ele comentou. “Como é que não é obrigado, se após o acidente, é determinado pra mim fazer um levantamento em todas as áreas que não constam tela? A partir do momento em que me pedem para fazer levantamento onde existem janelas que não tem tela, alguma coisa ficou no ar”, disse. Ele também comentou sobre Sarí. “Eu achei dona Sarí uma pessoa muito tranquila. Na hora de prestar socorro, ela que se ofereceu para prestar socorro, ela que dirige (...) Após 15 a 20 minutos do socorro tomamos conhecimento de que a criança veio a óbito”, disse.

Ainda de acordo com a polícia, nenhum dos laudos feitos dentro do prédio pelo Instituto de Criminalística foi entregue até ao delegado, até o momento. O inquérito tem um prazo de 30 dias para ser finalizado. Caso não seja concluído, o delegado Ramón Teixeira pode pedir prorrogação do prazo.

Relembre o caso

No dia 2 de junho, uma terça-feira, Mirtes Renata, que trabalhava como empregada doméstica na casa de Sarí Corte Real, deixou seu filho, Miguel Otávio, de 5 anos, sob a responsabilidade da patroa e desceu para passear com o cachorro da família. No entanto, após negligência da empregadora, a criança caiu de uma altura de 35 metros. O menino estava procurando pela mãe no momento do crime.

Imagens do circuito interno de segurança do prédio onde a criança caiu mostraram o momento em que o menino foi deixado sozinho no elevador. Em um vídeo, registrado às 13h08, a dona do apartamento aparece segurando a porta do elevador e conversando com o menino. Em seguida, depois de algum tempo de conversa, Miguel sai do equipamento. Dois minutos depois, ele volta sozinho, entra novamente no elevador e Sarí vai atrás. É neste momento que ela aperta o último botão onde fica a cobertura, a porta fecha e Miguel aciona outros andares. Antes de parar no nono andar, o elevador parou no sétimo andar.

Mirtes contou ainda que Sarí estava fazendo as unhas com uma manicure no momento em que Miguel caiu.

Sarí Corte Real é espora do prefeito de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, Sérgio Hacker. Ela foi presa em flagrante por homicídio culposo e liberada, após pagamento de fiança no valor de R$20 mil.

De acordo com a polícia, as imagens das câmeras de segurança foram a principal prova da "negligência" da mulher, como a polícia definiu. As investigações do caso estão com o delegado Ramón Teixeira, titular da Delegacia Seccional de Santo Amaro.