Faltam poucos dias para que a Polícia do Rio de Janeiro conclua o inquérito que investiga a morte do menino Henry Borel, de 4 anos. Ele foi, segundo as investigações, assassinado no dia 8 de março deste ano, dentro do apartamento de luxo onde morava com a família. A mãe, Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador carioca Dr. Jairinho, são os principais suspeitos do crime.
Em entrevista à Rádio CBN, o delegado-chefe do Departamento de Polícia da Capital, Antenor Lopes, disse que não viu indícios de que Monique fosse agredida pelo namorado, com quem morava desde dezembro passado. Monique e Jairinho já estão presos preventivamente desde o dia 8 deste mês.
“A versão dela [Monique] era para proteger o companheiro, Jairinho, inclusive pedindo para a babá apagar as mensagens que indicavam as agressões ao menino no dia 12 de fevereiro”, comentou Antenor na entrevista.
Indícios que devem ser usados para indiciar Monique e Jairinho no caso Henry
- 1. Versão do que aconteceu x os fatos
Causou estranheza aos investigadores a versão de Monique e Jairinho para o fim trágico de Henry. Os dois adultos sustentaram que o menino caiu da cama onde dormia na madrugada do dia 8 de março. Entretanto, médicos legistas encontraram 23 lesões no corpinho do garoto - o que não acontece no caso da queda de uma cama.
A perícia no apartamento onde o menino morreu também afasta essa hipótese. Os policiais realizaram vários testes para tentar confirmar se a queda da cama poderia provocar tantos machucados, mas descartaram a tese. Na verdade, os investigadores acreditam que Henry foi vítima de um homicídio provocado por forte violência.
- 2. Sem outros suspeitos
Não há outros suspeitos de cometerem o crime. Câmeras de segurança do condomínio onde o menino morava não mostra movimentação de outras pessoas. Tampouco Monique ou Jairinho levantaram essa hipótese. Diferente, inclusive, do que fizeram Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, condenados pela morte de Isabella Nardoni. À época, os dois disseram que a menina foi jogada do apartamento do pai (Alexandre) por um invasor. A tese foi descartada nas investigações. Os casos de Henry e Isabella foram muito comparados nos últimos dias pelas semelhanças.
>>> Monique foi a salão de beleza, pouco depois de enterro de Henry.
- 3. Morte dentro do apartamento
As imagens da câmera do elevador mostram que Henry foi levado por Monique e Jairinho para o hospital. Nas imagens, é possível ver o corpo do menino já pálido e com os olhos revirados, o que indicam que ele morreu dentro do apartamento, onde estava com a mãe e com o padrasto.
- 4. Tentativa de atrapalhar as investigações
A babá de Henry prestou dois depoimentos à polícia. No segundo, ela confirmou que Henry era agredido por Jairinho e informou que não comunicou a polícia sobre essas agressões no primeiro depoimento por ter sido coagida por Monique a mentir. A empregada do apartamento também confirmou as agressões contra o garoto.
Além disso, um alto executivo da área da Saúde do Rio de Janeiro disse à Polícia que Jairinho pediu que ele agilizasse o atestado de óbito de Henry, antes que o corpo da vítima fosse periciado no Instituto de Medicina Legal (IML). De acordo com apuração da TV Globo, Jairinho pediu “um favor” e disse: “Agiliza. Ou eu agilizo o óbito. E a gente vira essa página hoje”.
- 5. Histórico de agressor de Jairinho
Jairinho tem um perfil agressivo, indicaram ex-companheiras do vereador. Uma ex-namorada disse à Polícia que Jairinho chegou a afundar a cabeça de uma filha dela em uma piscina.
Mensagens trocadas entre Monique e a babá de Henry também confirmam que a mãe do menino já sabia das agressões cometidas por Jairinho contra a criança. Em uma das trocas de mensagens, a babá enviou um vídeo de Henry mancando, após ser agredido por Jairinho.
Novo depoimento de Monique
De acordo com Antenor, ainda não está decidido se Monique será ouvida novamente,em um novo depoimento. Os novos advogados da mãe de Henry solicitaram que ela fale mais uma vez aos policiais.
Segundo o delegado, o novo depoimento será autorizado ou negado até esta próxima terça-feira (20). "A defesa fez essa solicitação agora. Houve uma mudança de advogados e uma mudança de estratégia. Eles provavelmente estão vindo com a tese de que Monique vinha sendo intimidada. Até o presente momento, não encontramos nenhum indício que ela estivesse sendo ameaçada pelo companheiro", disse o delegado-chefe à CBN.
Não se sabe também se Monique estaria disposta a confessar o crime contra o próprio filho neste novo depoimento.
Segundo o policial, a babá de Henry pôde depor novamente porque haviam indícios de que ela estava sendo coagida.
“Nos mandados de apreensão dos telefones celulares, encontramos mensagens angustiadas da babá que mostravam que o menino foi levado para o quarto no dia 12 de fevereiro. Estava havendo claramente uma manipulação para que a testemunha mentisse. Nesse caso, era indispensável que a testemunha fosse ouvida novamente, porque a própria estava cometendo um crime de falso testemunho. Ela pôde se reparar, e assim foi feito. É bem diferente da situação da Monique”, comentou o delegado.