Guerra na Ucrânia

Gabriel Chaim na Ucrânia: Conheça biografia do único repórter brasileiro que permanece em Kiev durante guerra

Gabriel Chaim está na Ucrânia por conta própria e fornecendo reportagens para a TV Globo

Gabriel dos Santos
Gabriel dos Santos
Publicado em 01/03/2022 às 12:24 | Atualizado em 04/03/2022 às 12:12
Notícia
Reprodução/Jornal Nacional
Gabriel Chaim está em Kiev por conta própria, cobrindo a Guerra na Ucrânia - FOTO: Reprodução/Jornal Nacional

Os brasileiros acompanham os relatos aflitivos do que acontece na Ucrânia por meio do duro e perigoso trabalho de correspondentes internacionais que estão cobrindo a guerra iniciada pela Rússia. Por causa do aumento das tensões na capital ucraniana, Kiev, repórteres da Band, SBT, Record e CNN deixaram a cidade. Um único repórter brasileiro segue, por conta própria, nas ruas do município cercado pelas tropas de Vladimir Putin e sob ataque: Gabriel Chaim. 

>>> Gabriel Chaim mostra médicos trabalhando em hospital improvisado na Guerra na Ucrânia contra a Rússia; assista, clicando aqui. 

Gabriel Chaim está vendendo reportagens e imagens para a TV Globo, que costuma apresentar o material feito pelo brasileiro nos telejornais da emissora. De acordo com William Bonner, no Jornal Nacional, Chaim chegou à Ucrânia antes do avanço dos militares russos sobre território ucraniano, iniciado na quinta-feira da semana passada, dia 24 de março. 

Ao longo desta reportagem, veja fotos publicadas por Chaim no Instagram:

"Eu cheguei à Kiev seis dias atrás. A cidade estava funcionando normalmente em plena atividade, restaurante, shoppings. Nesses últimos dias, a maioria das pessoas acreditava que essa operação ficaria restrita à área de Donbass, que jamais chegaria até Kiev", explicou Gabriel Chaim na reportagem enviada ao JN no dia 24 de fevereiro. 

"Eu estava dormindo, em Kiev, quando acordei às 4 horas da manhã com o barulho de explosões. Peguei meu telefone, abri o Twitter e comecei a ver o que estava acontecendo. Dali em diante, tudo foi um caos. Uma explosão bem forte, que parecia um ataque aéreo", acrescentou o repórter. 

 
 
 
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Desde o início da Guerra na Ucrânia, Chaim já esteve em pontos críticos. Já filmou um míssil que caiu sem explodir e registrou prédios de civis que foram atacados pelos russos.

 
 
 
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"Eu pude presenciar os mísseis no céu e atingindo. Demorou uns três segundos para fichar cair. Somente quando começou a explosão que a ficha caiu. A gente estava no carro e só cruzou rapidamente. Nos arredores de Kiev, uma fila gigante de carros para abastecer. Todo mundo se preparando para uma possível fuga para cidades vizinhas ou mesmo para a fronteira", relatou Chaim. 

Gabriel Chaim

Gabriel Chaim é fotógrafo e já trabalhou com pautas mais leves. Em relato à revista Trip em 2013, ele contou que já passou por Dubai e Instambul para fotografar pratos de restaurantes estrelados. Mas foi o desejo de ver esperança no futuro que o fez mudar de pauta. 

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Antes de chegar à Ucrânia, por exemplo, Gabriel Chaim fez um longo trabalho na Síria, país asiático que sofre com uma guerra civil. "Vim fotografar não a morte, mas a esperança que nasce dos escombros", contou à Trip. 

Foto de Gabriel Chaim na Síria, em novembro de 2021:

 
 
 
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"Quando decidi me jogar no mundo e perseguir as histórias dos refugiados, sabia que iria enfrentar grandes obstáculos (materiais, pessoais e psicológicos), mas tenho passado momentos extremos que me fazem descobrir novas possibilidades em tudo: na dor, na felicidade e também no medo. Por muitos anos quis dar um significado importante à minha vida", escreveu à Trip.

"Tinha muitos sonhos, mas não sabia qual o caminho a trilhar. Hoje percebo que todas as rotas que segui se conectaram, me trazendo para este lugar: das montanhas geladas do Irã ao calor de Bagdá, passei por Egito, Turquia, Palestina até me encontrar em meio aos refugiados", contou. 

Foto em Aleppo, na Síria, em 2014:

 
 
 
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O projeto de cobrir guerra começou em 2010. "Concebi o projeto Kitchen4life com o propósito de mostrar a realidade das vítimas da guerra, das crianças que perderam tudo, expressando a minha dor em ver alguém sem absolutamente nada", disse Gabriel Chaim.

"Deixei minha família, minha filha de 4 anos está crescendo sem um pai presente, tudo porque estou engajado nessa causa. Mas quero ajudar pessoas que perderam tudo, que abandonaram suas casas para viver em uma tenda em outro país, cercadas por grades, vivendo uma liberdade corrompida", disse Chaim em 2013. 

Registros na Ucrânia

Hoje, Gabriel Chaim é seguido por 83 mil pessoas no Instagram e 12,5 mil no Twitter. Nesta terça-feira (1º), registrou o momento em que ucranianos buscam comida em um mercado da Ucrânia. 

"Supermercados quase vazios. A corrida de pessoas tentando agarrar o que sobrou tornou-se uma busca desesperada pela sobrevivência, pois ninguém sabe o que vem a seguir", escreveu Chaim em inglês. 

Repórteres brasileiros saem de Kiev

Também nesta terça-feira (1º), os repórteres da Band, Yan Boechat, e do SBT, Sérgio Utsch, deixaram Kiev. 

"Situação em Kiev se deteriorou nas últimas horas. Estamos sem conseguir dinheiro, pouca gasolina e poucos recursos. Decidimos recuar em direção a Lviv enquanto ainda é possível. Kiev estava linda hoje depois da neve que caiu na madrugada", escreveu Boechatno Twitter.

O repórter do SBT também contou o que viu: "Estamos a 100 quilômetros de Kiev. Congestionamento enorme. Estamos parados há quase 1 hora. Milhares, como nós, tentam se afastar da capital".

Os repórteres da Record, Leandro Stoliar e Luis Felipe Silveira, e da CNN Brasil, Mathias Brotero, deixaram Kiev na última sexta-feira (25). O jornalista Roberto Cabrini, da Record, ainda não conseguiu chegar à Kiev, como pretende. 

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