As urnas eletrônicas não foram fraudadas nas eleições 2022, que consagraram Lula (PT) como presidente, além de governadores, deputados federais, estaduais e senadores. A conclusão é do relatório produzido pelas Forças Armadas, e incentivado pelo ainda presidente e candidato derrotado, Jair Bolsonaro (PL). Apesar disso, ainda há margem para que bolsonaristas questionem o resultado das urnas? O que acontece a partir de agora? Entenda:
Narrativas sem provas
Sem apresentar provas, ao longo dos últimos quatro anos, Bolsonaro e seus aliados mais ideológicos criaram a narrativa de que o processo eleitoral brasileiro não é seguro, o que deu combustível para que, após a derrota no segundo turno em 30 de outubro, bolsonaristas tenham feito interdições em diversas estradas de todo o país.
Em alguns dos atos, os manifestantes defenderam atos golpistas, como a realização de um impossível e ilegal terceiro turno, além de terem feito pedidos para que o Exército tomasse o controle do país, o que fere a própria Constituição Federal e o regime democrático.
Mesmo após a divulgação do relatório, enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na quarta-feira (9 de novembro), alguns atos bolsonaristas ainda são registrados no país, embora as interdições tenham cessado. Bolsonaro, tampouco, não reconheceu publicamente a regularidade das eleições, assim como mostra o relatório encomendado por ele mesmo.
O que acontece a partir de agora?
Sem um documento oficial e sério que aponte as alegadas fraudes nas urnas, Bolsonaro não consegue mais questionar a derrota por meios legais (na Justiça Eleitoral), já que, além do discursos e dos argumentos que plantam dúvidas em seus eleitores mais aguerridos, lhe faltam materiais suficientes para conseguir o início qualquer tipo de investigação.
Além disso, Jair Bolsonaro também ficou isolado e sem apoio de grandes nomes políticos para questionar o resultado das urnas. Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já reconheceram a vitória de Lula e até se encontraram com o presidente eleito.
Bolsonaro também não tem apoio de líderes mundiais que dessem força a uma tese de fraude nas urnas. Chefes de Estado das nações mais ricas e influentes do mundo, como Estados Unidos, Canadá, França e Alemanha, reconhecem o resultado das eleições brasileiras e já até parabenizaram Lula - que viajará em breve ao Egito para participar da COP-27 (uma conferência sobre o Clima, que reúne as maiores lideranças globais).
Lula será empossado em 1º de janeiro
Portanto, o que acontece a partir de agora, é que, apesar da reclamação de um nicho do eleitorado mais alinhado ideologicamente ao bolsonarismo, o processo de transição do governo Bolsonaro para o governo Lula seguirá normalmente.
Jair Bolsonaro governa o país até o dia 31 de dezembro de 2022 e, até lá, segue tendo direito de exercer todas as prerrogativas constitucionais de presidente da República - incluindo a publicação de decretos e Medidas Provisórias.
Em 1º de janeiro de 2023, ainda que Bolsonaro não compareça à cerimônia oficial, Luiz Inácio Lula da Silva tomará posse em Brasília, tendo o processo chancelado pelas leis federais e pelas instituições do país.
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