Carnaval 2022

PORTELA: Cores, desfile, samba-enredo, Rainha de Bateria e história da Escola de Samba do Rio de Janeiro

Em 2022, desfile da Portela vai homenagear a árvore Baobá; Escola tem Márcia Lage como carnavalesca

Gabriel dos Santos
Gabriel dos Santos
Publicado em 20/04/2022 às 10:32 | Atualizado em 23/04/2022 às 12:21
Notícia
Fernando Frazão/Agência Brasil
Desfile da escola de samba Portela, pelo grupo especial, no Sambódromo - FOTO: Fernando Frazão/Agência Brasil

Uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro, a Portela faz o desfile de 2022 homenageando o Baobá, árvore considerada importante para religiões de matriz africana e que tem, segundo essa crença, o poder de ligar o Sagrado à humanidade. Nesta reportagem, conheça a Portela.

 
 
 
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PORTELA

O azul e branco da Portela está no carnaval do Rio de Janeiro há 99 anos. A escola foi fundada em 1923 e é a mais antiga em funcionamento na capital fluminense. É também a única escola que participou de todos os desfiles de escolas de samba do Rio. 

Até hoje, a Portela já venceu o carnaval carioca 22 vezes. Os títulos foram conquistados em 1935, 1939, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945, 1946, 1947, 1951, 1953, 1957, 1958, 1959, 1960, 1962, 1964, 1966, 1970, 1980, 1984 e 2017.

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DESFILE DA PORTELA EM 2022

Bastante ligada a religiões de matriz africana, a Portela homenageia em 2022 o Baobá, uma árvore muito vista na África. "A Portela é uma escola de raiz profunda. A comparação com a árvore, então é muito pertinente. Uma escola com história, com tempo dentro do carnaval, majestosa como Portela, ela é absolutamente compatível como uma árvore tão forte, tão vigorosa, tão importante", disse à TV Globo Márcia Lage, carnavalesca da Portela. 

 
 
 
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"A gente vê que o baobá tem múltiplos significados, é uma árvore ligada a ancestralidade, é uma árvore ligada a religiosidade com povos africanos. Em termos de árvores sagradas, é uma árvore mãe que fornece alimento e água para as populações que vivem ao seu redor e para a fauna africana. E é uma árvore da existência também porque é incorporada por escravizados que vieram para o Brasil, como forma de ligação com a sua terra natal, como forma de resistência mesmo. Cinquenta anos depois de levar um enredo africano para a avenida, vamos retomar com essa temática. O portelense está muito feliz de poder cantar a sua religiosidade, a sua fé, cantar a África na avenida", disse o antropólogo e vice-presidente da Portela, Fábio Pavão. 

 
 
 
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RAINHA DE BATERIA DA PORTELA

A rainha de bateria da Portela é Bianca Monteiro. Veja vídeo da rainha sambando:

SAMBA-ENREDO DA PORTELA

LETRA DO SAMBA-ENREDO DA PORTELA

"AZUL E “BANTO”, AGUERÊ E ALUJÁ
PRA POEIRA LEVANTAR, DE CRIOULA É MEU TAMBOR
ILUAYÊ NA GINGA DO MEU LUGAR
PORTELA É BAOBÁ NO GONGÁ DO MEU AMOR

PREPARA O TERREIRO, SEPARA A MUCUA
APAOKÁ BAIXOU NO XIRÊ
EM NOSSO CELEIRO A GENTE CULTUA
DO MESMO PRECEITO E SABER
RAIZ IMPONENTE DA “PRIMEIRA SEMENTE”
NÓS TEMOS MUITO EM COMUM
O ELO SAGRADO DE AYÊ E ORUN
CASA PRA SE RESPEITAR: MEU BAOBÁ!

OBATALÁ COLOFÉ
TEM BATUCADA NO ARÊ
PRA MINHA GENTE DE FÉ AYERAYE
NESSA MIRONGA TEM MÃO DE OFÁ
PÕE ALUÁ NO COITÉ E DANDÁ

SALUBA, MAMÃE! FIZ DO MEU SAMBA CURIMBA
MATA A MINHA SEDE DE AXÉ
FAZ DO MEU IGI OSÈ, MORINGA
QUEM TENTA ACORRENTAR UM SENTIMENTO
“ESQUECE” QUE SER LIVRE É FUNDAMENTO
MATIZ SUBURBANO, HENRANÇA DE PRETO
CORAGEM NO MEDO!
MEU POVO É RESISTÊNCIA
FEITO UM “NÓ NA MADEIRA” DO CAJADO DE OXALÁ
FORÇA AFRICANA VEM NOS ORGULHAR

AZUL E “BANTO”, AGUERÊ E ALUJÁ
PRA POEIRA LEVANTAR, DE CRIOULA É MEU TAMBOR
ILUAYÊ NA GINGA DO MEU LUGAR
PORTELA É BAOBÁ NO GONGÁ DO MEU AMOR"

Compositores: Wanderley Monteiro, Vinicius Ferreira, Rafael Gigante, Bira, Edmar Jr, Paulo Borges & André do Posto 7.

Intérprete: Gilsinho

GLOSSÁRIO DO SAMBA-ENREDO DA PORTELA:


MUCUA – Fruta do Baobá
APAOKÁ – Orixá/Entidade protetor da Jaqueira
XIRÊ – Festa
AYÊ – Terra
ORUN – Céu
OBATALÁ – Orixá da paz e da criação do mundo.
COLOFÉ – A benção.
ARÊ – Ruas e Encruzilhadas.
AYERAYE - Eternizar
MIRONGA - Mistério
MÃO DE OFÁ – Pessoa incumbida de colher folhas para rituais.
ALUÁ – Bebida feita com farinha de milho ou de arroz, servida nos terreiros de Candomblé, principalmente aos Caboclos.
COITÉ – Fruto que partido ao meio, serve como recipiente para servir bebidas aos Orixás e participantes do culto.
DANDÁ – Tipo de raiz, utilizada nos cultos aos Orixás.
CURIMBA – Os cânticos realizados, na Umbanda.
BANTO – indivíduo pertencente aos Bantos, grupo etnolinguístico africano
AGUERÊ – Toque atribuído a ODÉ, o caçador (OXOSSI).
ALUJÁ – Toque atribuído a XANGÔ.

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