Desastre Ambiental

Oceanógrafo analisa mancha de 200 km² identificada próxima a Abrolhos

Para o oceanógrafo, imagens da mancha de óleo encontrada por pesquisadores próximo a Abrolhos ainda são inconclusivas

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 30/10/2019 às 14:24
Felipe Ribeiro/JC Imagem
FOTO: Felipe Ribeiro/JC Imagem

Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, desta quarta-feira (30), o oceanógrafo José Souto analisou o aparecimento de uma mancha de óleo de aproximadamente 200 km², localizada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) próximo ao Arquipélago de Abrolhos, no litoral sul da Bahia. A mancha chamou atenção por apresentar uma grande extensão, que se aproxima à área territorial do Recife, de 218 km².

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Segundo o especialista, as imagens captadas pelo satélite ainda são inconclusivas, mas se forem confirmadas e atingirem os corais, será praticamente impossível realizar a remoção do óleo. “Se uma mancha desse porte atinge o Arquipélago de Abrolhos, que é a nossa maior área recifal do Atlântico Sul, é muito preocupante. Essa mancha, se chegar nos corais, é quase impossível a remoção. A gente tem visto nas praias de Pernambuco que quando o óleo chega na areia, a remoção é difícil, mas quando chega nos recifes, é praticamente impossível a retirada”, explicou.

Ações

Através de nota técnica divulgada nesta quarta, o Ibama negou que a mancha seja composta pelo poluente, e considera que é, provavelmente, uma célula meteorológica em condições de atividade intensa. Ainda assim, José Souto apontou as ações que o Governo Federal deve realizar caso a grande mancha de óleo seja verdadeira. “O governo pode mobilizar embarcações. A Marinha já disse que se for confirmada a presença da mancha, eles vão sugar esse óleo para dentro de embarcações. Apesar da dificuldade, existem equipamentos para fazer isso. A gente precisa ter ciência que esse não foi o primeiro acidente com petróleo no mundo. Muitos acidentes já aconteceram e as tecnologias já foram desenvolvidas para cuidar deles. É preciso ter clareza disso. Pode não ter sido com o mesmo tipo de óleo, mas com petróleo aconteceram vários", indicou.

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Falhas

O oceanógrafo também avaliou que o Governo Federal cometeu falhas no combate ao avanço das manchas de óleos que tem atingido o litoral do Nordeste. “O governo devia ter reconhecido que o acidente existe. Depois, devia ter atuado para retirar o óleo ainda na água, porque é mais fácil do que quando ele chega na areia. As ações monitoramento da chegada dessas manchas não foram feitas. Precisamos de ações concretas. É reconhecer que o acidente aconteceu, monitorar efetivamente a movimentação das manchas, identificá-las, e fazer a remoção ainda quando estiverem na água. Eles também devem instalar barreira de contenção, como é feito no resto do mundo. Por fim, alertar a população ribeirinha do acidente, começar a assistência e fazer o monitoramento”, concluiu.

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Ouça a entrevista na íntegra:

Trajeto das Manchas de Óleo