O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio do promotor de Justiça criminal Eduardo Tavares, apresentou, na manhã desta quarta-feira (14), denúncia contra Sari Mariana Costa Gaspar Corte Real, na 1ª Vara de Crimes contra Criança e Adolescente da Capital, por abandono de incapaz com resultado de morte. O promotor ainda pediu um agravante de pena porque o crime ocorreu contra criança em meio à conjuntura de calamidade pública.
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A pena prevista para o crime de abandono de incapaz é de 4 a 12 anos de reclusão.
Sari é acusada pela morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, que caiu do nono andar de um prédio de luxo na área central do Recife.
Relembre o caso Miguel
Miguel Otávio, de 5 anos, caiu de uma altura de 35 metros do Condomínio Píer Maurício de Nassau, na área central do Recife, no dia 02 de junho. Ele estava sob os cuidados de Sarí Corte Real quando ela deixou a criança sozinha no elevador, que o levou até o nono andar do prédio, onde caiu e morreu.
A mãe da criança, Mirtes Renata, trabalhava como empregada doméstica na casa de Sarí e deixou o filho sob a responsabilidade da patroa para descer e passear com o cachorro da família dos patrões. No entanto, após negligência da empregadora, a criança caiu de uma altura de 35 metros. O menino estava procurando pela mãe no momento do crime.
Imagens do circuito interno de segurança do prédio onde a criança caiu mostraram o momento em que o menino foi deixado sozinho no elevador. Em um vídeo, registrado às 13h08, a dona do apartamento aparece segurando a porta do elevador e conversando com o menino. Em seguida, depois de algum tempo de conversa, Miguel sai do equipamento. Dois minutos depois, ele volta sozinho, entra novamente no elevador e Sarí vai atrás. É neste momento que ela aperta o último botão onde fica a cobertura, a porta fecha e Miguel aciona outros andares. Antes de parar no nono andar, o elevador parou no sétimo andar.
Mirtes contou ainda que Sarí estava fazendo as unhas com uma manicure no momento em que Miguel caiu.
Sarí Côrte Real é espora do prefeito de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, Sérgio Hacker. Ela foi presa em flagrante por homicídio culposo e liberada, após pagamento de fiança no valor de R$20 mil.
De acordo com a polícia, as imagens das câmeras de segurança foram a principal prova da "negligência" da mulher, como a polícia definiu.
A conclusão do inquérito, comandado pelo delegado Ramón Teixeira, foi apresentada no dia 1 de julho. A Polícia Sarí Côrte Real foi indiciada por abandono de incapaz seguido de morte. Se condenada, a patroa pode pegar de quatro a 12 anos de prisão.
O delegado Ramon descartou a possibilidade do homicídio doloso e do dolo eventual. Ele ressaltou que o inquérito buscou agir de forma isenta.
O inquérito foi remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) no dia 3 de julho.