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GUERRA UCRÂNIA: Pode ter a Terceira Guerra Mundial? Saiba quais são os possíveis desfechos para o conflito com a Rússia

Confira alguns possíveis desfechos para a guerra da Rússia e Ucrânia

Paloma Xavier
Paloma Xavier
Publicado em 04/03/2022 às 16:59 | Atualizado em 04/03/2022 às 17:08
Notícia
AFP
Guerra na Ucrânia já deixou milhares de mortos e feridos, além de milhões de refugiados - FOTO: AFP

As investidas russas no território ucraniano já estão na segunda semana. A invasão da Rússia foi repudiada na Assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas), além de ter rendido ao país várias sanções. O que não se sabe, até o momento, que destino essa guerra terá. Mas é possível avaliar possíveis desfechos diante do cenário.

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Quais são os possíveis desfechos para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia?

Queda de Putin

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AFP
Vladmir Putin em pronunciamento sobre o ataque militar. - AFP

Foi o presidente russo Vladimir Putin que anunciou a invasão no território ucraniano em 24 de fevereiro. Desde então, Putin tem se mantido firme quanto às ações militares na Ucrânia. O presidente russo, inclusive, garantiu que a operação militar avança “como planejado” e prometeu continuar “sem concessões” nessa quinta-feira (3).

Ao declarar guerra à Ucrânia, Putin fez com que a Rússia ficasse suscetível a sanções, e foi pauta de uma Assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas). Poucos países estão a favor dos russos em relação ao conflito internacional.

Apesar da opinião internacional ser predominantemente contra Putin, ele ainda conta com certo apoio dos russos, já que a TV estatal está usando fake news a favor da Rússia no conflito.

Entretanto, esse apoio pode não durar. Talvez os russos se mobilizem e organizem uma revolução popular contra o governo. O presidente russo pode então usar forças de segurança interna da Rússia para suprimir a oposição - nada tão diferente do que ele já fez durante seus anos no poder.

Isso pode desagradar pessoas importantes - como a elite militar, política e econômica russa -, que têm relevância suficiente para dar uma tremenda dor de cabeça ao presidente russo.

Ou seja, a perda de apoio popular, somada a sanções econômicas, uma guerra desastrosa e às mortes de milhares de soldados russos, podem ser a ruína de Putin.

No caso de Putin cair e for substituído por um líder mais moderado, os Estados Unidos e a Europa já declararam que poderão rever algumas sanções e a restauração das relações diplomáticas normais.

Guerra curta

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DANIEL LEAL / AFP
Comando militar da Ucrânia afirmou que país está recebendo uma segunda onda de ataques por mísseis - DANIEL LEAL / AFP

Outro possível desfecho é uma guerra curta. Nele, a Rússia pode intensificar suas operações militares, podendo até utilizar foguetes em toda a Ucrânia.

Apesar de ter pouca atuação na guerra até o momento, a Força Aérea russa poderia investir em ataques mais arrasadores. A Força Aérea russa conta com 8% da frota de aviões militares do mundo e 10% dos jatos de combate aéreo, segundo dados levantados pelo FlightGlobal.

Outra forma de afetar a Ucrânia pode ser através de ataques cibernéticos maciços. Com esse tipo de ataque, é possível comprometer o fornecimento de energia e as redes de comunicação - e afetar os civis de forma fatal.

Sem energia e sob ataques aéreos, o território ucraniano seria devastado. Seria questão de tempo até a capital Kiev cair e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é assassinado ou foge, para o Oeste do país para o exterior, na tentativa de estabelecer um governo no exílio.

Nesse cenário, o presidente russo, Vladimir Putin, declararia vitória e retiraria parte das forças militares da Ucrânia, deixando para trás o suficiente para manter algum controle sobre eventuais resistências.

Os milhares de refugiados continuam em outros países ou tentando deixar a Ucrânia. O território ucraniano junta-se a Belarus como subordinado da Rússia.

Esse desfecho não é impossível, mas dependeria de muitos fatores, como um desempenho melhor das forças russas e pouco apoio militar internacional à Ucrânia.

Ainda que acontecesse, esse cenário ocasionaria um governo ilegítimo e vulnerável à insurgência. Isso significa que seria instável, e que a probabilidade de um novo conflito seria alta.

Guerra longa

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HANDOUT / UKRAINE EMERGENCY MINISTRY PRESS SERVICE / AFP
Bombardeio russo na cidade ucraniana Chernigov - HANDOUT / UKRAINE EMERGENCY MINISTRY PRESS SERVICE / AFP

Uma guerra longa é um dos desfechos mais prováveis para esse conflito. Mas isso dependeria da queda de desempenho das forças russas.

Nesse cenário, as forças russas têm marcado presença em algumas cidades da Ucrânia, mas seria necessário que elas continuassem lutando para manter o controle. Talvez a Rússia não tenha tropas suficientes para cobrir um país tão vasto, e as forças da Ucrânia passam a resistir mais intensamente.

Outra possibilidade para esse cenário depende do fornecimento de armas, munições e militares dos EUA e países da Europa. Assim, a guerra seria estendida por anos até que, talvez com uma nova liderança em Moscou, as forças russas deixassem a Ucrânia.

Guerra na Europa

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Reprodução/Twitter/DemeryUK
Usina de Chernobyl, Ucrânia - Reprodução/Twitter/DemeryUK

Apesar de pouco provável, existe a chance da guerra se expandir para a Europa. Isso poderia acontecer se Putin tentasse recuperar mais partes do antigo império da Rússia enviando tropas para ex-repúblicas soviéticas que não fazem parte da aliança militar Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como Moldávia e Geórgia.

Ou poderia acontecer se houvesse um erro de cálculo e uma escalada dos conflitos no território europeu. Como, por exemplo, Putin afirmar que o fornecimento de armas pelos EUA e por países europeus às forças ucranianas é um ato de agressão que justifica retaliação.

Sob essa justificativa, o presidente russo poderia ameaçar enviar tropas para países no nordeste da Europa, como a Lituânia, para criar um corredor terrestre com o enclave costeiro russo de Kaliningrado, separado da Rússia apenas pelo território lituano. O movimento seria arriscado e poderia desencadear uma guerra com a Otan.

Entretanto, esse tipo de movimento só seria levado em consideração em última hipótese, como no caso de Putin sentir que é a única maneira de salvar sua liderança. O presidente russo tem se mostrado disposto a quebrar antigas normas internacionais, como a possibilidade do uso de armas nucleares.

Vale lembrar que, na primeira semana de guerra, o líder russo colocou suas forças nucleares no nível mais alto de alerta, em reação às duras sanções econômicas impostas por potências globais, como os EUA.

Solução diplomática

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Alexander NEMENOV / AFP e SERGEI SUPINSKY / AFP
O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensk - Alexander NEMENOV / AFP e SERGEI SUPINSKY / AFP

Há, ainda, a possibilidade do conflito internacional ter uma solução diplomática. Porta-vozes da Rússia e da Ucrânia têm realizado encontros de negociações, que renderam avanços como a abertura de um corredor humanitário para os civis.

O simples fato de concordarem em negociar indica que Putin parece ao menos ter aceitado a possibilidade de um cessar-fogo acordado.

Mas a questão é se a Otan, as potências europeias e os EUA podem oferecer o que a Rússia deseja e concordarem com termos para que um acordo seja pelo menos possível.

Como isso poderia acontecer? Se a Rússia não vai tão bem na guerra, ela pode sentir ainda mais as sanções. Além disso, a oposição aumenta insatisfeita com o desempenho dos militares e do governo. Putin pode, então, chegar à conclusão que continuar a guerra pode ser uma ameaça maior ao seu poder do que voltar atrás e encerrá-la.

Nesse tipo de desfecho, a China, principal aliança da Rússia, pode pressionar Putin a se comprometer com a negociação de cessar-fogo sob a ameaça de que não comprará petróleo e gás russos a menos que diminua a escalada do conflito.

Dessa forma, o presidente russo cogitaria possíveis saídas, inclusive um acordo. Entre os termos do acordo, podem ter aspectos territoriais, como o domínio sobre a Crimeia e partes do Donbas, no leste do país, onde duas repúblicas separatistas - Donetsk e Luhansk - foram reconhecidas pela Rússia.

Putin poderia também aceitar a independência e autonomia da Ucrânia, além do seu direito de aprofundar os laços com a União Europeia - e até mesmo com a Otan.

É pouco provável que isso aconteça, mas não é impossível.

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